O xilogravurista e cordelista José Soares da Silva, conhecido desde a infância como Dila, gostava de contar histórias. “Todo cordelista é assim: imaginário e fantasioso”, define um dos filhos, o promotor cultural Valdez Soares da Silva, 58.
Dila criança virou um mestre e aperfeiçoou os diversos talentos. Contou causos. Delicado e minucioso, gravou no coração dos nordestinos o retrato de um homem humilde que, desde 2005, tornou-se patrimônio vivo de Pernambuco. Pelo menos 50 anos foram dedicados à xilogravura e ao cordel.
Mestre Dila nasceu em Cumaru, onde viveu até os 17 anos, quando mudou-se para Caruaru, ambas em Pernambuco, em busca de emprego. Trabalhou como agricultor, gráfico e tipógrafo até iniciar as duas atividades que elevaram seu nome como artista.
“Se você gostou do que eu faço, é seu,” dizia ele a todos que queriam comprar um exemplar do seu trabalho. Muitos foram doados. Segundo Valdez, o ator Thiago Lacerda, foi um dos contemplados. Quando esteve em Pernambuco para encenar a Paixão de Cristo, quis conhecer mestre Dila e ganhou de presente a obra que desejou comprar.
“Meu pai viveu para a arte e a abraçou com amor. Dedicou-se ao cordel e à xilogravura sem olhar para bens materiais”, afirma.
Popular e comunicativo, o mundo de mestre Dila era uma roda de amigos. Ele tratava as pessoas como irmãos.
A casa onde morou, no centro de Caruaru, foi transformada em um memorial. O local guarda fotos, xilogravuras, cordéis e livros dedicados a ele. Em 2020, mestre Dila será homenageado na tradicional festa de são João e pelo bloco carnavalesco Galo da Madrugada.
Mestre Dila morreu no dia 18 de dezembro, aos 82 anos, de insuficiência respiratória. Viúvo, deixa deixa seis filhos, 11 netos e seis bisnetos.
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