O paulistano Leonardo Feder sobressaía pela inteligência. Culto, discursava sobre qualquer assunto. O domínio das ciências exatas, por sua vez, poderia ter feito dele um físico ou matemático.
O coração falou mais alto, e escolheu ser jornalista. Formou-se na USP, onde fez mestrado e doutorado com base na obra de fotógrafos europeus que vieram ao Brasil refugiados do nazismo. Trabalhou na Folha em 2008 e 2009.
A ficção também o atraía. Como romancista, lançou “O Enigma do Assassinato das Idosas”, publicado de modo independente em 2000, quando tinha 15 anos, e “Um Beijo para Você Viver Mais”, no ano passado.
Leonardo tinha uma deficiência física causada pela distrofia de Duchenne, doença genética degenerativa e incapacitante que atinge a musculatura esquelética.
“Nada abalava sua força interior. De humor inteligente e sagaz, era um menino de alma leve, sensível e doce. Ele era perfeito em tudo”, diz a irmã, a jornalista Adriana Feder, 30.
O olhar sereno não perdia nenhuma cena da vida cotidiana. Falava pouco e observava muito, segundo outra irmã, a jornalista e professora universitária Clarissa Feder, de quem era gêmeo.
Foi um guerreiro em prol da acessibilidade e inclusão social na ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP, e conseguiu que a universidade instalasse um elevador. Seus pais, os médicos David Feder, 62, e Ana Lúcia Langer, 61, dedicaram-se à busca pela cura ou pelo menos a descoberta de medicações que impedissem o avanço da doença.
Leonardo vivia intensamente. Foi um dos poucos com essa doença a fazer doutorado. A doença nunca foi impedimento ou desculpa para obter vantagens.
Leonardo ia ao cinema todos os sábados com os pais. Só deixava as telonas de lado pelo jogo do Palmeiras.
Leonardo Feder morreu dia 26 de abril, aos 35 anos, de problema cardíaco, que foi desencadeado pela Distrofia de Duchenne. Deixa os pais e duas irmãs.
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