Descrição de chapéu Coronavírus Dias Melhores

Veterinário e protetora levam 4.000 kg de alimentos para comunidade em SP

Dupla arrecadou cestas básicas, legumes e frutas após reportagem da Folha; animais também receberam 130 kg de ração

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A parceria entre a protetora de animais Camila Teixeira, 42, e o veterinário Rodrigo Alexandre Santos, 45, já conta cinco anos. Ela resgata cães e gatos abandonados em São Paulo; ele entra com o suporte médico necessário em sua clínica, na região de Perdizes. Mas, desde que a pandemia do coronavírus se alastrou pelo mundo –e teve a capital paulista como epicentro no Brasil–, a dupla viu que precisava fazer mais.

“Eu lia o jornal e via as pessoas passando fome. Falei com a Camila sobre fazer alguma coisa. Ela tem muitos seguidores nas redes sociais, e eu muitos clientes na clínica”, explica Rodrigo. Mas, apesar da vontade de ajudar, os dois não sabiam exatamente que caminho seguir.

“Infelizmente, oportunismo tem em qualquer situação. Até que eu li a matéria do Artur [Rodrigues, repórter da Folha] sobre o Jardim Papai Noel e decidi. Ele conseguiu ir até lá e entender a necessidade das pessoas. Sem saber, fez o trabalho para a gente”, conta Camila.

Por meio de seu projeto nas redes sociais, chamado Cantinho do Chiquinho, a protetora começou a divulgar a campanha. Um jardim de inverno da clínica Pró-Vida Animal virou o QG das doações. A meta era conseguir 150 cestas básicas para poder assistir um número mínimo de famílias; no fim, em menos de duas semanas, receberam 210 cestas básicas. Para garantir vegetais frescos, um hortifrúti doou 80 caixas de legumes e frutas, totalizando 4.000 kg de alimentos.

Fiéis ao motivo que iniciou todo seu trabalho voluntário –a causa animal–, a dupla levou 130 kg de ração para alimentar os pets da comunidade. Também foram doadas 450 máscaras para proteção dos moradores.

“Desde que a matéria foi publicada, conseguimos ajudar quase mil famílias”, conta Ellen Cristina dos Anjos, 27, uma das responsáveis pela associação de moradores da comunidade em Parelheiros, extremo sul da capital. Para evitar aglomerações, Ellen fez a triagem das famílias mais necessitadas, que receberam uma pulseira e entraram uma a uma no espaço para retirar as doações, com máscara e álcool em gel.

“Tem muita gente precisando. A pandemia está sendo uma batalha, e vai demorar para acabar. Só vamos vencer se nos unirmos”, diz a moradora.

E a ideia não é parar. Rodrigo e Camila estão organizando uma segunda campanha de arrecadação de alimentos, para que o auxílio ao Jardim Papai Noel seja contínuo. As arrecadações serão centralizadas nas redes sociais do Cantinho do Chiquinho. Além disso, programam um mutirão de castração in loco dos animais da comunidade –mas este após a pandemia passar. “As pessoas estão em casa, isoladas, como devem estar. Então, por que não doar uma cesta básica? Todos podem ajudar de alguma forma”, ressalta o veterinário.

“Eu me assustei quando a pandemia começou. Mas virei o disco para ver o lado bom disso tudo. As pessoas estão mais solidárias, descobrindo uma solidariedade que nem sabiam que tinham”, conta Camila Teixeira. “O mundo mostrou o quanto precisamos mudar, ressignificar conceitos e valores. A nossa maior chance de sermos humanos melhores é agora.”

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.