Água com gosto de terra rende multa de R$ 5,7 milhões à empresa de saneamento do Rio

Segundo agência reguladora, problema que ocorreu no início do ano poderia ter sido evitado

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Rio de Janeiro

A Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio de Janeiro) foi multada em R$ 5,7 milhões por distribuir água com gosto de terra no início do ano. O valor corresponde à multa máxima prevista na legislação do estado.

Para a Agenersa (Agência Reguladora de Energia e Saneamento do Rio), a companhia "cometeu falha grave nos seus procedimentos operacionais, comprometendo a qualidade da água fornecida com cor, odor e altos índices de turbidez à população do Rio de Janeiro e colocou em risco a saúde dos usuários".

A crise, iniciada no início deste ano, levou a população a uma corrida por garrafas de água mineral e chegou a adiar o início das aulas na rede pública em cidades da região metropolitana do Rio.

Publicação em rede social sobre água turva no Rio de Janeiro, no início de 2020 - Reprodução/Twitter

No primeiro momento, foi detectada a presença da substância geosmina, responsável pelo gosto de terra. Após procedimentos para resolver o problema, a Cedae chegou a interromper o fornecimento em fevereiro após detectar grande volume de detergente no rio Guandu, que abastece a capital.

A agência reguladora chegou a definir prioridades no abastecimento, com preferência para unidades de saúde e assistência a idosos, escolas, creches, presídios e “demais áreas sensíveis”.

Para a Agenersa, a Cedae poderia ter agido preventivamente para evitar os problemas. Na época, o ex-presidente da companhia, Wagner Victer, explicou à Folha que o problema resultou da não observação de um protocolo padrão de operação da estação de tratamento do Guandu.

A empresa afirmou na ocasião que não fechar as comportas foi uma escolha. “Uma vez que [a geosmina] é uma substância que não oferece risco à saúde, não está em nenhuma portaria, nós ficamos entre a escolha de causar um desabastecimento ou de aplicar tecnologias [para detê-la]”, disse Pedro Ortolano, chefe da estação Guandu.

Esse protocolo prevê que, com o aumento da presença de algas no reservatório, as comportas da estação sejam fechadas e a vazão do rio, aumentada, para que a pressão da água leve as algas para longe da estação de tratamento.

A bacia do Guandu recebe despejos de esgoto e rejeitos industriais antes de chegar à ETA (Estação de Tratamento de Água) Guandu, inaugurada na década de 1950 e hoje responsável por abastecer cerca de 9 milhões de pessoas em oito municípios.

Em nota, a Cedae afirmou que vai recorrer da decisão.

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