Ainda bebê, o paraibano Cicero Davi da Silva Filho deixou Campina Grande rumo ao Recife (PE), levando consigo a alegria típica de sua cidade natal. Fez dela seu principal combustível para viver.
Cícero era o mais novo dos cinco filhos de uma dona de casa e de um jornaleiro. Passou parte da infância e adolescência na banca de jornal, que servia de ponto de encontro de comunistas do Recife.
Entrou em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco; na metade do curso, trocou-o pelo de Direito na Universidade Católica de Pernambuco e foi até o fim.
Seu grande sonho era o jornalismo, realizado, de certa forma, através do filho Mateus de Araújo Silva, 29, que é assessor de imprensa. Quando Mateus atuou como repórter, Cicero colecionava recortes de matérias feitas pelo filho; deles fez um livro.
Cicero começou a trabalhar muito jovem para custear os estudos. Foi office boy em escritórios de advocacia, cresceu na profissão e se aposentou como auditor fiscal da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes (PE).
Morava no bairro Candeias e preservava o gosto pela praia, por festas, por reuniões com amigos e por discussões políticas. Alimentava um lado curioso, sempre interessado em aprender coisas novas, principalmente sobre música.
Cicero tinha o hábito de tratar a todos como se fossem amigos, e Mateus era o melhor deles. “Ele brincava com a inversão de papéis. Dizia que eu tinha virado pai de tanto que eu o fiscalizava com medo da Covid-19”, diz Mateus.
Mesmo assim, foi infectado pelo coronavírus. Após 15 dias internado, Cicero morreu no dia 27 de abril, aos 70 anos, por complicações de Covid-19. Deixa um filho. O corpo foi cremado e as cinzas serão deixadas no local de que mais gostava: a praia de Candeias.
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