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Em evento sem Bolsonaro, governo agora promete trem até Cumbica para 2023

Participação do presidente estava prevista, mas foi cancelada

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Guarulhos (SP)

Após inúmeras promessas de uma ligação por trilhos entre a região central de São Paulo e o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, foi assinado nesta quarta-feira (8) um contrato que prevê a construção da conexão em até 24 meses.

O acordo entre o governo federal e a concessionária GRU Airport prevê a construção e a operação do "people mover" ou "aeromóvel", um trem que irá ligar a estação Aeroporto da CPTM aos terminais de Cumbica.

Imagem feita dentro do trem, ao nível do chão do vagão, mostra duas malas prateadas de pé no piso azul, com uma pessoa sentada à direita
Trem da linha que liga a capital paulista ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, em foto de 2018 - Danilo Verpa/Folhapress

A obra tem custo estimado de R$ 270 milhões. O valor será descontado do que a concessionária deveria pagar à União pela outorga do aeroporto.

O governo federal afirma que o sistema terá capacidade de transportar 2.000 usuários por hora em cada direção e que o tempo de viagem e de espera será de seis minutos. Não haverá cobrança extra por esse trecho final.

Atualmente, quem precisa fazer o trajeto entre Cumbica e a estação da Luz (no centro de São Paulo) conta com o expresso da linha 13-jade, mas os terminais ficam longe da estação Aeroporto da CPTM, o que obriga os usuários a pegarem um dos ônibus gratuitos cedidos pela concessionária para fazer o deslocamento.

Essa baldeação acaba aumentando o tempo de viagem. Para ir da estação até o terminal 2, o mais movimentado, o ônibus leva quase 10 minutos.

Além disso, a distância causa desconforto nos passageiros, obrigados a arrastar malas pelas escadas e se apinhar nos coletivos.

Segundo Marcelo Sampaio, secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, a obra do monotrilho começará imediatamente. “O aditivo prevê 24 meses para a conclusão completa da obra, mas nós estamos conversando com a concessionária para que sejam feitas entregas intermediárias”, disse.

Ele diz que, após conversas com a concessionária, o governo federal espera que até o fim do ano que vem o novo sistema já esteja funcionando parcialmente.

Também afirma que a existência do monotrilho dará previsibilidade de horários para os passageiros, o que fará com que a demanda aumente.

“Você vai saber exatamente que em 48 minutos ou em 51 minutos você vai estar dentro do terminal para embarcar. Isso vai atrair muitos passageiros para o aeroporto”, afirmou.

Em julho, a diretoria da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) aprovou esse termo de aditivo no contrato de concessão da GRU Airport, que incluiu no rol de obrigações da concessionária o investimento de implantação do aeromóvel.

Um consórcio chamado Aerogru fará a obra. Ele reúne empresas como Aeron, HTB, FBS e Tsinfra.

O evento de assinatura do termo tinha a previsão de participação do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e era interpretado como um gesto de provocação ao seu inimigo político João Doria (PSDB).

Após os atos de Sete de Setembro e os discursos de teor golpista, que causaram desconforto até em aliados, a participação do presidente foi cancelada. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, também não estava no evento.

Logo depois de tomar posse no Palácio dos Bandeirantes, o governador João Doria (PSDB) criticou o fato de o trem não chegar aos terminais.

“Não faz sentido transporte público que não leva até o aeroporto. É tão bizarro que é difícil acreditar que isso tenha sido feito no estado de São Paulo”, disse, em janeiro de 2019, com a promessa de buscar uma alternativa junto à concessionária GRU Airport e ao governo federal.

Caso a obra atrase, Doria, que pretende se lançar à Presidência da República em 2022, pode deixar o governo estadual sem o problema ser resolvido.

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