Fiocruz aponta politização como desafio para combate à Covid-19

Em balanço, fundação chama ataques à Anvisa de episódio triste e lamentável

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Rio de Janeiro

Em balanço divulgado nesta quinta-feira (23), a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) apontou o processo de politização, com propagação organizada de fake news, como um dos três desafios a serem superados em 2022 para enfrentamento da pandemia no Brasil.

"Este processo tem combinado a desvalorização de medidas preventivas fundamentais de proteção —como distanciamento físico e social, o uso de máscaras e a higienização das mãos— com a propagação organizada de fake news e a criação de um clima de descrédito e desconfiança em relação às vacinas", diz a Fiocruz.

No documento —cujo título é "um balanço da pandemia em 2021 em um cenário de incertezas e falta de dados"—, a Fiocruz cita as recentes ameaças a diretores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como exemplo do que chamou de "processo de politização das medidas de enfrentamento da pandemia para a proteção da saúde e da vida da população brasileira".

Marcelo Queiroga durante evento no auditório do Ministério da Saúde, em Brasília, no último dia 20 - Antonio Molina/Folhapress

Sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL) —que prometeu divulgar o nome dos diretores da Anvisa favoráveis à vacinação infantil—, a Fiocruz chamou de lamentáveis os ataques à diretoria da agência.

"Em seu mais recente, triste e lamentável episódio, tivemos os inaceitáveis ataques à Anvisa, seus diretores e funcionários, quando da aprovação de vacina necessária e fundamental para a imunização de crianças e para a redução da transmissão do vírus", diz.

Segundo o balanço, a Anvisa agiu de forma tempestiva e embasada nas melhores evidências disponíveis sobre eficácia e segurança ao aprovar o uso da vacina pediátrica da Pfizer/BioNTech na população de 5 a 11 anos, permitindo ao Ministério da Saúde avançar no planejamento para operacionalizar a imunização desse grupo com a maior celeridade possível.

A vulnerabilidade dos sistemas de informações em saúde também é apontada como desafio.

"As falhas na divulgação de dados sobre a pandemia não são só decorrentes do ataque hacker sofrido pelos portais e sites do Ministério da Saúde, mas combinam vulnerabilidades e fragilidades em todo o processo, que se inicia com preenchimento dos formulários nos estabelecimentos de saúde e municípios", diz.

As incertezas acerca da variante ômicron configuram, segundo a Fiocruz, outro obstáculo a ser superado.

"A variante ômicron já está em quase 90 países do mundo, tem alta transmissibilidade e entra no Brasil em meio a um 'apagão' de dados, o que é grave e tem de ser enfrentado como tal, e a mais um ataque às medidas de enfrentamento da pandemia neste momento: as vacinas para as crianças", diz.

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