Mortes: Querido por gerações, conservou a educação católica moderna

José Amaral de Almeida Prado dirigiu o curso ginasial do Colégio Santa Cruz, onde Chico Buarque estudou

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São Paulo

O padre José Amaral de Almeida Prado acompanhou a história do Colégio Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, desde 1954, dois anos após a sua fundação por padres canadenses.

Encontrá-lo caminhando pela escola, o que amava fazer, era motivo de alegria aos adultos e uma realização às crianças.

Além da boa conversa e das palavras de amizade que proferia, mostrava-se interessado pela história de vida dos alunos. As suas demonstrações de amor pela vida e pela escola ficarão marcadas em cada canto do colégio.

José Amaral de Almeida Prado (1930-2022)
José Amaral de Almeida Prado (1930-2022) - Colégio Santa Cruz

Graduado em letras neolatinas pela USP, o padre lecionou latim, português e religião entre 1955 e 1963 no curso ginasial —o cantor, compositor e escritor Chico Buarque foi aluno na década de 1950. Como diretor do ginásio esteve entre 1963 e 1968.

Segundo o diretor-geral da instituição, Fábio Marinho Aidar, o clérigo foi superior do distrito da Congregação de Santa Cruz no Brasil de 1980 a 1986 e de 1994 a 1999, membro honorário do Conselho Administrativo Consultivo do Colégio Santa Cruz desde 1995, exercendo a presidência do órgão por mais de dez anos.

Sua participação na história do colégio terminou com a sua morte, no dia 13 de janeiro, aos 91 anos. A causa não foi informada, mas sabe-se que José estava internado havia uma semana.

O cantor Chico Buarque, ao centro, brinca em sala de aula do colégio Santa Cruz, em São Paulo, onde estudou na década de 1950
O cantor Chico Buarque, ao centro, brinca em sala de aula do colégio Santa Cruz, em São Paulo, onde estudou na década de 1950 - Acervo do Colégio Santa Cruz

Em 2014, a escola batizou com seu nome o novo prédio do ensino fundamental 2, desde então conhecido como Pavilhão Padre José Amaral de Almeida Prado.

A todos, padre José dizia que os últimos dez anos de vida foram os mais intensos.

"Ele conviveu com gerações diferentes da escola, conservou o ideal de educação católica moderna, pluralista e aberta à diversidade. Discutia questões de sexualidade e prevenção às drogas com modernidade. Suas colocações eram modernas, abrangentes e acolhedoras. Padre José enxergava as novas gerações capazes de serem menos preconceituosas e acolherem mais a diversidade", afirma Fábio.

Natural de Jaú (a 287 km de SP), foi o sétimo entre dez filhos. Em 1941, ingressou no Seminário Menor Diocesano de São Carlos, onde permaneceu até completar o ginásio, aos 16 anos. Quando terminou, em 1946, mudou-se para a casa dos pais, na capital.

Em 1949, formado em filosofia no Seminário Maior do Ipiranga, foi ao Canadá, onde fez a formação religiosa e professou os primeiros votos em 1950. Cursou quatro anos de teologia.

Em dezembro de 1953, voltou ao Brasil para ser ordenado. Em mais uma temporada de um ano no Canadá, em 1954, José fez seis meses de estágio num dos colégios mantidos pela Congregação de Santa Cruz em Québec.

Nas USP, esteve por duas ocasiões como aluno: a partir de 1955, no curso de Letras Neolatinas, e entre 1974 e 1975, no doutorado em língua portuguesa.

​​coluna.obituario@grupofolha.com.br

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