Descrição de chapéu Obituário Luís Pérez (1972 - 2022)

Mortes: Escreveu sobre carros e fez cover de Roberto Carlos

Formado em história pela USP e jornalismo pela PUC, Luís Pérez trabalhou 13 anos na Folha

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São Paulo

Muitos amigos de faculdade e de trabalho se recordam das performances musicais do jornalista Luís Pérez. A mais conhecida eram os covers de Roberto Carlos, levados para salas de karaokê de São Paulo, peculiares por causa do terno branco que às vezes ele usava para ficar parecido com seu ídolo e intérprete de "Outra Vez".

Das diversas lembranças que trazem de Pérez, morto na sexta (15) por um problema cardíaco, está o momento em que ele elevou essa performance ao seu ponto mais sério e foi se apresentar, a caráter, no programa Espaço Amador, da TV Gazeta. Isso aconteceu nos anos 1990 e, segundo estimativas, em data próxima à de sua formatura na faculdade de jornalismo da PUC-SP.

Pérez finalizou sua graduação em 1994 e também se formou em história pela USP. Antes do diploma em jornalismo, já se dedicava ao programa de treinamento da Folha. Logo em seguida, deu início a uma trajetória de 13 anos no jornal, escrevendo textos de cultura, política e, principalmente, sobre carros.

O jornalista especializado no setor automotivo Luís Pérez
Luís Pérez (1972-2022) - reprodução

Foi editor do caderno Veículos e, com o passar do tempo, tornou-se um dos jornalistas mais aplicados no assunto. Colaborou com as revistas Quatro Rodas, Car and Driver e Jornauto, além do hoje extinto jornal Agora São Paulo.

Em seu currículo, também está o lançamento e a edição do jornal Prime Autos, o cargo de editor-executivo da revista Avião Revue, da Motorpress Brasil Editora. Criou os sites Carpress (hospedado no portal UOL), em 2006, e Mazarine, em 2013.

Pérez tinha "um sentimento forte pela Folha e falava do tempo dele no jornal com saudade, se orgulhava", diz Ricardo Ribeiro Ferreira, pesquisador e assistente de ensino na Escola de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Edimburgo.

Ferreira menciona as viagens internacionais para cobertura de eventos ligados ao setor automotivo como ponto alto de sua amizade com Pérez. "Dividimos um quarto de hotel em Buenos Aires, e a recepção achou que éramos casados, fizemos piada disso durante muito tempo", conta Ferreira.

"Uma vez em Detroit ele comprou cola de dentadura achando que era pasta de dente e usou, ficou com a boca toda grudada", conta.

O humor, às vezes cáustico, era um traço forte de sua personalidade. A outra era o entusiasmo com reportagens, figuras públicas e viagens.

Nascido em São Paulo, criado em Pirituba, na zona oeste da cidade, Pérez era fã do jornalista Boris Casoy e do cantor Zezé Di Camargo na mesma intensidade.

Certa vez se deparou com o músico sertanejo e pediu para que ele gravasse a mensagem de saudação que amigos e familiares, incluindo sua única filha, Júlia, durante muito tempo ouviram em sua caixa postal telefônica.

Quem conta essa história é um amigo de faculdade, o jornalista Sérgio Koln, que chegou a frequentar a casa onde, na juventude, Pérez morava "com pai, mãe, avó, cachorros, gatos, duas tartarugas e muitos passarinhos", diz.

Pérez passou por uma cirurgia de redução de estômago e, nos últimos anos, tinha oscilações de humor, segundo amigos. Ele deixa sua filha. O velório está marcado para as 11h deste domingo (17), no cemitério do Araçá.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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