A praça Princesa Isabel, que recentemente se tornou o novo endereço da cracolândia, poderá ser transformada em parque. A ideia consta de projeto de lei do vereador Fábio Riva (PSDB) protocolado nesta segunda-feira (9) na Câmara Municipal.
Se a mudança for aprovada, o local de 16,6 mil metros quadrados, em Campos Elíseos, centro paulistano, poderá ser cercado por grades, como os outros parques da cidade, o que está em linha com o que diz a justificativa do projeto, que prevê o "disciplinamento de seu uso".
Na justificativa da proposta, Riva, que é líder do governo na Câmara, diz que a transformação da praça em parque tem como finalidade "preservar a flora" e "conferir conforto aos frequentadores".
Riva anexou à proposta um abaixo-assinado, intitulado Revitalização da Praça Princesa Isabel, com 983 assinaturas no total. Entre elas, há de moradores de Bom Retiro e Santa Cecília. A área é delimitada pelas avenidas Duque de Caxias e Rio Branco e pelas ruas Helvétia e Guaianases. As despesas com a execução das obras deverão ser pagas pela prefeitura.
"Fui procurado pelos moradores quando começou a ocupação [de usuários de droga]", afirmou o vereador à Folha. "Mas tem um problema social e precisamos resolver. Não estamos vendo a eventual transformação do local para um parque para tirar pessoas que vivem lá. Isso a gestão do prefeito Ricardo Nunes tem tido muito cuidado, será discutido o destino da população."
O projeto, segundo o vereador, ainda precisará ser submetido a comissões da Câmara e ser discutido em ao menos duas audiências públicas. Além disso, Riva diz que pretende ouvir secretarias, entre as quais a do Verde e do Meio Ambiente.
"Ainda é cedo", acrescenta ele, para ter uma estimativa do valor necessário para transformar a praça em parque.
Na justificativa do texto, ele ressaltou que, após uma reforma, em 2018, a praça passou a contar com quadra poliesportiva com alambrado, equipamentos de ginástica, mesas de jogos de tabuleiro e de piquenique.
Também foi instalado um playground, espaço pet e locais para feiras de artesanato e food trucks. Foram instalados sanitários públicos (feminino, masculino e acessível) e construídos bancos de concreto, pista de corrida e um lugar para apresentações artísticas, além de novas lixeiras e bebedouros, segundo Riva.
"Em 4 de outubro de 2019, seis meses após o fim do acordo com a empresa que revitalizou a Praça Princesa Isabel, a praça já estava degradada devido a vandalismos", escreveu o tucano.
Desde março deste ano, o local concentra usuários de drogas que antes frequentavam o entorno da praça Júlio Prestes, a poucos metros dali. A migração ocorreu após ordens do crime organizado para que a multidão saísse das ruas que antes formavam a cracolândia, de acordo com a polícia.
A Folha mostrou, em abril, que a Prefeitura de São Paulo instalou grades para dividir a praça Princesa Isabel, separando assim usuários de drogas e moradores de rua das equipes que trabalham no projeto de revitalização do local.
Em nota, a prefeitura disse, na ocasião, que a instalação dos gradis visava garantir a segurança de dependentes químicos que permanecem no local durante a execução de serviços de zeladoria, poda de árvores e jardinagem.
A copa de árvores é utilizada como aliada pelos traficantes e usuários, dificultando o monitoramento da praça Princesa Isabel por meio de câmeras e drones.
O miolo da praça foi tomado por lonas pretas e mesas que servem de apoio para comercialização e consumo de drogas.
Antes da invasão pelos usuários, o fluxo no local havia sido intensificado por moradores em situação de rua ao longo da pandemia de Covid-19.
A revitalização da praça é um desejo antigo do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Em fevereiro, ele havia escalado a Subprefeitura da Sé para intensificar o que chama de serviços de zeladoria na praça. Um dos cartões-postais de São Paulo, a praça viu a situação degringolar com a chegada da cracolândia.
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