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Aguardada há 20 anos, expansão do metrô de BH emperra em ano eleitoral

Bolsonaro e Zema, que buscam a reeleição, anunciaram obra em setembro; projeto depende de desestatização

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Belo Horizonte

Quase dez meses depois de anunciado, o projeto de expansão do metrô de Belo Horizonte não saiu do papel mesmo com recursos para a obra prontos para serem utilizados. O anúncio da criação da linha 2 do metrô foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) com o governador Romeu Zema (Novo), ambos em busca da reeleição, em setembro do ano passado na capital de Minas Gerais.

A obra vem sendo prometida há 20 anos por sucessivos governantes. A expansão atenderá o Barreiro, uma das regiões mais populosas da capital. A ampliação depende, no entanto, do julgamento, pelo TCU (Tribunal de Contas da União), de processo de desestatização do sistema, administrado atualmente pela CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos).

Trem do metrô de Belo Horizonte se aproximando da estação Minas Shopping, na região nordeste da capital.
Trem se aproxima da estação Minas Shopping, em Belo Horizonte; linha 2 é aguardada há mais de 20 anos - Fernando Rodrigues

O valor disponível para a expansão do sistema é de R$ 2,8 bilhões, originários da aprovação do PLN (Projeto de Lei do Congresso Nacional) 15 de 2021, que abre crédito pelo governo federal via Ministério da Economia para aplicação na rede.

O gasto total na obra será de R$ 3,7 bilhões. Além dos R$ 2,8 bilhões garantidos com a aprovação do PLN, o estado de Minas Gerais se comprometeu a aplicar mais R$ 427 milhões no projeto. Os R$ 473 milhões restantes sairão da iniciativa privada, via PPP (Parceria Público-Privada) para construção do ramal. Os valores foram informados pelo governo do estado.

É a primeira vez que há a garantia de recursos para a obra.

Não há prazo para que o julgamento seja realizado pelo TCU, segundo o tribunal. Em 23 de junho, o processo foi disponibilizado pela área técnica da corte para posicionamento do relator, ministro Vital do Rêgo.​ Desde então, documentos foram anexados ao processo, que corre sob segredo de Justiça.

A próxima fase é a emissão de um relatório, que será levado ao plenário.

A condução dos procedimentos para criação da PPP está a cargo do Ministério da Economia. A pasta não retornou contatos feitos pela reportagem com perguntas sobre expectativa para o início das obras e conclusão do processo no TCU. Os contatos foram realizados nos dias 15 e 22 de junho e em 25 de julho.

O Ministério da Infraestrutura também não respondeu aos questionamentos sobre o começo da construção do ramal.

A reportagem também acionou o Ministério do Desenvolvimento Regional. A pasta pediu para que fosse procurado o Ministério da Economia. A CBTU informou que não participa da formação da PPP para a obra.

Qual é o tamanho do metrô de BH?

A linha 2 do metrô de Belo Horizonte fará a ligação da linha 1, a única da cidade, até o Barreiro, na região sudoeste da capital. A previsão é que o trecho tenha cerca de dez quilômetros e sete estações.

Belo Horizonte tem proporcionalmente uma das menores ofertas de metrô entre as capitais brasileiras. A linha 1 liga Venda Nova, na região norte, ao bairro Eldorado, no município de Contagem, e tem 19 estações.

O sistema de trens urbanos da capital começou a funcionar em 1986. Tinha, então, seis estações e 10,8 quilômetros. Chegou ao formato atual, um total de 28,1 quilômetros, em 2002. Transporta cerca de 210 mil passageiros por dia.

Para efeito de comparação, o do Recife, inaugurado em 1985, tem 70,4 quilômetros e 36 estações. O sistema atende 374 mil pessoas por dia.

O governo de Minas Gerais afirma que o edital do metrô prevendo as obras deverá ser publicado em agosto. A previsão anunciada anteriormente era julho. Enquanto isso, segundo o Palácio Tiradentes, os recursos para a expansão do sistema estão depositados em conta vinculada à CBTU.

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