Comerciantes da 25 de Março querem novo prédio no lugar do que pegou fogo

Prefeitura diz que edifício tinha situação regular, mas bombeiros não emitiram licença por causa de irregularidades 'não sanadas'

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São Paulo

Os comerciantes que tinham lojas e estoques no prédio que pegou fogo na região da rua 25 de Março, popular centro de compras de São Paulo, querem construir um novo edifício no local, segundo o porta-voz dos condôminos, Cleinaldo Simões.

A demolição do prédio proposta pela prefeitura aos comerciantes foi aceita na última quinta (14) e tem previsão de começar na manhã desde sábado (16), segundo a gestão municipal. Após o fogo que tomou conta do edifício por mais de 60 horas, foram constatados danos na estrutura e risco de desabamento.

"A análise dos dados coletados nas vistorias apontou que a estrutura está estabilizada após o término do combate às chamas. O risco de desabamentos pontuais permanece", diz nota da Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras).

Defesa Civil faz vistoria em prédio incendiado na região da 25 de março
Prédio incendiado na região da rua 25 de Março, em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse nesta sexta (15​) que a demolição do prédio começará pelos andares superiores, do décimo ao sétimo. Após a finalização dos trabalhos nesses andares, uma nova avaliação será feita para definir se o resto do edifício deve ou não ser demolido.

O prédio tinha 79 salas comerciais divididas entre 50 proprietários. Nas salas funcionavam lojas, escritórios e depósitos. Por dia, cerca de 120 pessoas circulavam pelo edifício, que fica na rua Comendador Abdo Schahin.

Não há estimativa do prejuízo. Segundo Simões, a perda para os comerciantes será medida pela queda da renda das lojas, pelos danos no imóvel e pelos custos da demolição e de eventual construção de um novo edifício.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, o prédio que pegou fogo tinha o pedido para obtenção do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) em andamento, mas a licença não foi emitida por causa de irregularidades "não sanadas pelo responsável".

Questionada sobre quais eram as irregularidades, a corporação disse que esses dados são de acesso restrito às autoridades e aos proprietários. O porta-voz dos condôminos não soube informar quais foram os problemas encontrados na vistoria dos bombeiros.

Apesar de não ter o AVCB, o prédio tinha situação regular na prefeitura, segundo o relatório do Contru (Controle do Uso de Imóveis) feito após a vistoria que constatou o risco de colapso.

A licença da prefeitura é o AVS (Auto de Verificação de Segurança) e foi emitida em 2008. Para obter obtê-la, os donos de um imóvel precisam apresentar "o AVCB vigente ou atestado de funcionamento dos equipamentos de segurança com cópia do projeto aprovado pelo Corpo de Bombeiros".

O AVS não tem prazo de validade, mas pode ser revogado caso o imóvel sofra alterações na estrutura do ou no uso.

De acordo com o porta-voz dos proprietários, o pedido de AVCB foi encaminhado aos bombeiros porque lojistas passaram a usar as salas como depósitos. Simões não soube dizer, porém, quando o pedido de novo AVCB foi feito, mas afirma que "já faz alguns anos".

De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), apenas a rua em que fica o prédio está interditada.

O incêndio no edifício da rua Comendador Abdo Schahin teve início por volta das 21h de domingo (10) e atingiu outros três imóveis vizinhos, entre os quais o da Paróquia Ortodoxa Antioquina da Anunciação a Nossa Senhora. A Polícia Civil suspeita que o fogo começou após uma explosão na altura do terceiro andar.

Ao todo, segundo a prefeitura, nove edifícios chegaram a ser interditados parcial ou totalmente. Como não são residenciais, não há pessoas desabrigadas.

Houve desabamento da estrutura da loja Matsumoto, que fica na rua Barão de Duprat, e do teto da igreja, na rua Cavalheiro Basílio Jafet.

Durante o controle das chamas, lojas da região foram orientadas a fechar.

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