Descrição de chapéu Obituário Elson Martins Araújo dos Santos (1964 - 2022)

Mortes: Fotógrafo de Carnaval e automobilismo, vivia de suas paixões

Paulistano chegou a fotografar as duas noites de desfiles das escolas de samba em São Paulo e as do Rio de Janeiro na sequência

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São Paulo

Carnaval e automobilismo sempre estiveram entre as paixões de Elson Martins Araújo dos Santos. E seu olhar minucioso se tornou, literalmente, o seu ganha-pão. Eram as imagens registradas por ele em desfiles de escolas de samba ou em corridas que mais norteavam a sua profissão de fotógrafo.

A fotografia, porém, Santos descobriu quando já nasciam cabelos brancos. Ainda no fim da adolescência, perdeu o pai e se viu obrigado a se tornar uma espécie de líder da casa onde morava com a mãe e a irmã, um ano mais nova.

O fotógrafo Elson Martins Araújo dos Santos no Carnaval de São Paulo; ele morreu no último dia 7 de agosto - Thalita Valezi

Foi no trabalho no Aeroporto Internacional de Guarulhos que o paulistano passou a conhecer o mundo —sem sair do chão—, pois era lá que ouvia histórias de quem chegava pela ala internacional.

E falava muito também. Talvez por isso tenha se dado bem nos anos em que trabalhou, posteriormente, com telemarketing.

Santos nunca se preocupou com o passar do tempo. Sempre com aparência jovem, concluiu curso de comércio exterior quando já tinha passado dos 40 anos de idade. E cinquentão adotou a fotografia como hobby.

Sem se desligar do trabalho em telemarketing, o passatempo começou a dar um dinheirinho quando Santos passou a fotografar festas e casamentos —até que a empresa resolveu terceirizar o setor onde ele trabalhava e foi demitido.

Dali em diante, a mão firme não iria mais atender telefones. Preferiu desde então apostar na promissora carreira de fotógrafo.

Santos, no tempo em que passou como amador, conheceu gente suficiente para ser inserido no universo da fotografia profissional. E não demorou muito para que começasse a clicar a alegria das passistas e as freadas no "S" do Senna no fim da reta de Interlagos.

O tricampeão de Fórmula 1, que dá nome à sequência de curvas do autódromo paulistano, aliás, foi referência para ele. "Meu tio era da geração que adorava o Ayrton Senna e até me deu um capacete amarelo", diz a sobrinha Natália Iponema, 34.

Apaixonado também pelo Salgueiro, muitas vezes foi à Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, ver sua escola do coração desfilar. Quando se tornou fotógrafo, porém, desceu das arquibancadas para a passarela do samba.

Em 2020, fotografou as duas noites de desfiles em São Paulo, na sexta e sábado, e pegou um ônibus para trabalhar no domingo e na segunda no Rio.

Rivais em campo, Palmeiras e Flamengo dividiam o coração do torcedor, que, quando adolescente, fez parte da torcida uniformizada Mancha Verde e ia escondido da mãe aos jogos de futebol.

Em dezembro de 2020, Santos retirou um tumor no intestino. Curado do câncer, no fim de junho passado foi diagnosticado com hepatite e passou 21 dias internado.

No último dia 6 de agosto, mesmo debilitado, insistiu para ir à casa da namorada, Márcia. E lá acabou convencido a voltar ao hospital. Morreu no dia seguinte, em 7 de agosto, aos 57 anos. Não teve filhos, mas deixou a sua marca impressa em papel fotográfico.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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