Casa de repouso onde 6 morreram em incêndio já havia sido interditada duas vezes

Prefeitura de São Paulo diz que endereços anteriores apresentavam irregularidades sanitárias de alto risco para idosos

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São Paulo

A casa de repouso Lar da Vovó, onde um incêndio matou seis pessoas e deixou duas feridas, já havia sido interditada duas vezes pela vigilância sanitária quando funcionava em outros endereços, segundo a Prefeitura de São Paulo. Os donos já haviam mudado a clínica de endereço pelo menos quatro vezes desde 2020.

"Uma equipe da Unidade de Vigilância em Saúde esteve neste sábado (10) no local, após a tragédia, e constatou que há um processo administrativo sanitário em curso, com autuações e interdições em dois outros endereços anteriores, da mesma proprietária", diz nota da prefeitura.

A instituição, que fica em São Mateus, na zona leste da cidade, apresentava "irregularidades sanitárias que configuravam alto risco à saúde dos idosos atendidos". A casa de repouso funcionava ilegalmente na rua Phobus havia cinco meses. A prefeitura disse que os donos não tinham alvará da vigilância sanitária ou pedido de regularização aberto na subprefeitura.

Quarto da Casa de Repouso Lar da Vovó onde teria começado o incêndio que deixou seis mortos em São Mateus, na zona leste de São Paulo. A casa de repouso não tinha alvará de funcionamento, nem certificado de segurança dos bombeiros e havia sido interditada duas vezes quando funcionava em endereços diferentes
Quarto da casa de repouso Lar da Vovó onde teria começado o incêndio que deixou seis mortos em São Mateus, na zona leste de São Paulo - Polícia Civil/Divulgação

A clínica também não tinha o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), segundo a corporação.

No último sábado, cinco pacientes e uma cuidadora morreram após um incêndio no quarto dos fundos da casa. No cômodo, os bombeiros encontraram um corpo carbonizado. As demais vítimas morreram após inalar a fumaça provocada pelas chamas, segundo as investigações até agora.

O fogo teria começado ainda de madrugada, mas os bombeiros só foram chamados por volta das 7h30.

As vítimas, segundo a polícia, são a cuidadora Adriana dos Santos Souza, 39, e os pacientes Arturo Loureiro Perez (sem idade confirmada), Terezinha Barbosa Ribeiro, 81, Sonia Pinho Silva, 71, Adelson Alexandre Gino, 62, e Luciane Avelina Chaves, 42.

Luciane Avelina chaves, 42, é uma das vítimas do incêndio na Casa de Repouso Lar da Vovó. Outras cinco pessoas, incluindo uma cuidadora, morreram
Luciane Avelina Chaves, 42, é uma das vítimas do incêndio na Casa de Repouso Lar da Vovó. Outras cinco pessoas, incluindo uma cuidadora, morreram - Arquivo pessoal

A casa de repouso tinha pelo menos cinco funcionários, dentre as quais três mulheres que haviam sido contratadas recentemente. A cuidadora que morreu no incêndio, Adriana dos Santos Souza, estava em seu primeiro dia de trabalho.

Os bombeiros suspeitam que o incêndio começou durante a madrugada e afirmam que, ao chegarem ao local, as chamas já estavam quase extintas. Um dos bombeiros que atuou no rescaldo do incêndio disse à Folha que foi um trabalho rápido, porque o fogo consumiu todo o material inflamável do cômodo e não se expandiu para além do quarto.

A Polícia Civil investiga o caso e aguarda os laudos da perícia para apontar se há um responsável pelo incêndio e se alguém será indiciado pelas mortes.

A casa de repouso Lar da Vovó, na zona leste SP, após incêndio que deixou seis mortos na manhã de sábado (10)
A casa de repouso Lar da Vovó, na zona leste SP, após incêndio que deixou seis mortos na manhã de sábado (10) - Matheus Moreira/Folhapress

Juliana Rait Barbosa Menezes, delegada plantonista do 49º DP (São Mateus), não descarta a possibilidade de o inquérito evoluir para incêndio e homicídio culposos (sem intenção).

A responsável pela casa de repouso esteve na delegacia na manhã de sábado, prestou depoimento e saiu sem falar com a imprensa. A Folha ainda abordou o advogado que a representa, mas ele não quis se pronunciar.

Segundo Menezes, a responsável pelo Lar da Vovó, cujo nome não foi divulgado, confirmou em depoimento que o local funcionava sem autorização.

Apesar das irregularidades, familiares disseram nunca ter tido problemas com os donos da casa de repouso e elogiaram os cuidadores e a estrutura.

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