Maioria mantém máscara no primeiro dia de liberação no transporte de SP

Nova regra vale a partir desta sexta em ônibus, trem e metrô; proteção contra a Covid continua sendo obrigatória em hospitais e postos de saúde

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São Paulo

Às 7h desta sexta-feira (9), o terminal Grajaú, no extremo sul de São Paulo, estava lotado. Entre a multidão que se aglomerava nas plataformas, além de outras tantas pessoas que se espremiam para subir a escada rolante até a estação na linha 9-esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a grande maioria usava máscara de proteção contra a Covid-19.

O acessório deixou de ser obrigatório em ônibus, metrô e trem, por decisão do governo paulista e a Prefeitura de São Paulo. No primeiro dia da medida, porém, era raro encontrar passageiros sem a proteção. "Não vou tirar, quem disse que a pandemia acabou? Não faz sentido", disse a estudante Camila Alves, 21, que aguardava por um ônibus para o município de Embu das Artes (Grande SP).

Já a assistente administrativa Maria Mayrla, 22, e a auxiliar de cafeteria Mara Maciel, 29, não se incomodaram em ser minoria. "Eu não aguentava mais usar máscara. Não via propósito também. Se for pela Covid, olha a quantidade de gente nesse lugar. A máscara previne o quê?", disse Maria.

Passageiros usam máscara na linha 5-lilás do metrô em São Paulo; proteção deixou de ser obrigatória no transporte - Rivaldo Gomes/Folhapress

Apesar da liberação da máscara, a prefeitura e o governo afirmam que uso ainda é recomendado, principalmente, para os grupos vulneráveis, como pessoas acima de 60 anos e imunossuprimidos. A utilização segue obrigatória em hospitais e postos de saúde.

Nem todos sabiam da nova regra. Logo atrás de Camila, um grupo de mulheres, que partia para uma missa, ficou surpreso com a informação, mas nenhuma delas retirou o equipamento de proteção.

Todos os funcionários do terminal e da estação usavam máscara, e nenhuma sinalização sobre o fim da obrigatoriedade estava à vista.

Dentro do trem, poucos ficavam sem o acessório opcional. Alguns passageiros que entravam no vagão mostrando o rosto, ao observarem a aglomeração, prontamente colocavam a máscara.

Na estação Santo Amaro, onde há acesso para a linha 5-lilás do metrô, a situação era simular à observada no Grajaú. Poucos, como as amigas Crislaine Bispo, 33, e Martiane Santos, 32, optaram por deixar a máscara em casa. "Eu não via a hora. A gente precisa mostrar o rosto. A máscara tira a nossa identidade", disse Martiane.

Martiane Santos, 32, (ao fundo) e Crislaine Bispo, 33, (primeiro plano) foram sem máscara à estação Santo Amaro da CPTM no primeiro dia de desobrigação do uso em transporte público de São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress

A obrigação do uso de máscara foi determinada em 29 de abril de 2020, no início da pandemia de Covid.

A flexibilização ocorre após o conselho gestor da Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde de São Paulo, o antigo comitê científico, apontar altas taxas de cobertura vacinal, expressiva quedas nas internações pela doença e uma taxa de mortes por milhão de habitantes menor do que em países em desenvolvimento.

O secretário David Uip disse que o quadro "dá a segurança necessária para a flexibilização do uso de máscaras neste momento". O governo, segundo ele, vai monitorar os dados epidemiológicos de forma constante.

Para o infectologista Leonardo Weissmann, membro da diretoria da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), os indicadores epidemiológicos permitem a flexibilização, porém com cuidados. A máscara deixa de ser obrigatória, porém segue recomendada principalmente em locais fechados.

"A pandemia ainda não acabou. Enquanto houver circulação do vírus, não se pode descartar a possibilidade do surgimento de novas variantes, mais transmissíveis ou até mesmo com evolução diferente do que vimos até o momento. Sendo assim, podemos ter uma nova subida de casos. Se isso acontecer, essa medida poderá ser revertida", disse o médico.

Segundo a Secretaria da Saúde paulista, em comparação com o início deste ano, houve mais de 90% de queda das internações por Covid. No início de fevereiro, o número de pacientes internados era 4.091. Hoje, são 363 pacientes.

A média móvel de mortes caiu de 288 em 9 de fevereiro e agora, no estado, está em 27.

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