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Justiça aceita denúncia contra Thiago Brennand por suspeita de estupro e tortura

Procurada, defesa diz que não tem nada a declarar; ele foi preso em Abu Dhabi nesta quinta

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São Paulo

Preso em Abu Dhabi nesta quinta-feira (13), e liberado após pagar fiança, Thiago Brennand foi denunciado pela segunda vez pelo Ministério Público de São Paulo nesta sexta (14). A acusação por supostos crimes sexuais foi aceita pela Justiça e ele se tornou réu —ele já respondia pela acusação de lesão corporal e corrupção de menores.

A Promotoria de Porto Feliz (a 118 km de São Paulo), que pediu a decretação de nova prisão preventiva, afirma que ele cometeu em uma mesma vítima cinco crimes: estupro, cárcere privado, tortura, lesão corporal de natureza gravíssima e coação no curso do processo.

Herdeiro e empresário Thiago Brennand, acusado de agressão e crimes sexuais por ao menos 11 mulheres
Herdeiro e empresário Thiago Brennand, acusado de agressão e crimes sexuais por ao menos 11 mulheres - Reprodução/Facebook

No mesmo caso, ele também foi denunciado por suspeita de cometer três constrangimentos ilegais, quatro ameaças, registro não autorizado da intimidade sexual e oito divulgações de cena de estupro ou sexo. Nesta sexta-feira, a defesa de Thiago Brennand foi procurada novamente pela reportagem, mas informou que não tem "nada a declarar" sobre o caso.

Além de Brennand, o tatuador que cravou as iniciais "TFV", de Thiago Fernandes Vieira, na vítima também passa a responder ao processo na condição de réu por suspeita de crimes de tortura e lesão corporal gravíssima.

A denúncia é a primeira conduzida pela promotora Silvia Chakian —ao todo, Brennand é investigado sob suspeita de crimes sexuais envolvendo um grupo de ao menos 11 vítimas.

A maior parte da lista de vítimas foi encaminhada ao Ministério Público pelo escritório de advocacia Janjacomo e por representantes do projeto Justiceiras, que trabalham juntos neste caso.

O caso que culminou na nova denúncia teria ocorrido em agosto do ano passado e envolve uma brasileira de 37 anos, que vive nos Estados Unidos e afirma ter sido mantida em cárcere privado na casa de Brennand em Porto Feliz, além de ter sido estuprada, agredida (física e moralmente) e tido o corpo tatuado à força.

Ela diz ainda que o empresário vazou vídeos de relações sexuais com ela, que teriam sido enviados até para a filha adolescente dela.

Na época, Brennand negou os crimes. A investigação conduzida pela Promotoria de Porto Feliz chegou a ser arquivada em junho deste ano, por falta de provas. Foi reaberta neste mês, porém, após reportagem do Fantástico divulgar um áudio do empresário em que ele fazia ameaças a essa vítima.

De acordo com o advogado Marcio Janjacomo Júnior, cinco novas denúncias foram encaminhadas à Promotoria de Porto Feliz nesta sexta-feira. Segundo ele, mulheres acusam Thiago Brennand de crimes que envolvem estupro, perseguição, ofensa e difamação e ocorreram entre 2019 e 2022.

Janjacomo explica que os novos casos aconteceram no estado de São Paulo e as denúncias foram encaminhadas para Porto Feliz como uma forma de acelerar o processo e triagem das novas vítimas.

Primeira denúncia

A primeira denúncia do Ministério Público paulista contra Thiago Brennand ocorreu após ele agredir a modelo Alliny Helena Gomes, 37, durante discussão em uma academia de ginástica na zona oeste de São Paulo. Em depoimento à polícia, Brennand disse ter perdido a cabeça com a modelo porque a mulher teria ofendido a mãe dele e que foi ela que iniciou a discussão.

Nesse caso, ele é suspeito de lesão corporal e corrupção de menores —Brennand teria incentivado o filho adolescente a ofender a modelo, segundo os promotores.

Ele viajou para Dubai no último dia 4 de setembro, horas antes de a denúncia ser formalizada e de os promotores pedirem a apreensão do passaporte dele. Na época, a Justiça determinou que Brennand retornasse num período de dez dias ao Brasil, o que não foi cumprido.

Em vídeo publicado após a viagem e depois apagado, o empresário declarou que não estava fugindo. "Eu tô tranquilíssimo. Tinha algumas opções de países para onde ir", sem citar onde estava. "Estou tranquilo onde estou. Não estou fugindo. Prisão ilegal? Quem que vai se submeter a um Estado de exceção?", afirmou.

Ele também declarou que as acusações fazem parte de uma conspiração contra ele e que a maioria das denúncias de crimes de estupro no Brasil é falsa.

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