Descrição de chapéu Obituário Hélio Machado Bastos Filho (1947 - 2022)

Mortes: Boêmio, advogado era companheiro da noite e defensor da monarquia

Hélio Machado Bastos Filho, o Helito, sempre foi um bon-vivant cheio de amigos, e também apaixonado por cavalos

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São Paulo

Não há quem não saiba o nome daquele senhor elegante, de bigode sempre bem aparado e andar de barão pelas ruas do Itaim Bibi, na zona oeste de São Paulo, com bengala à frente dos sapatos —nunca tênis ou chinelos.

Tampouco há garçons dos bares mais tradicionais do bairro paulistano que não conheça aquele boêmio, que os chamava pelo nome.

O advogado Hélio Machado Bastos Filho, o Helito, sempre foi um bon vivant de costumes encantadores, como relataram os amigos de mesa de bar.

O advogado Hélio Machado Bastos Filho, o Helito, morreu no último dia 13 de agosto, aos 75 anos - Arquivo pessoal

Acostumado a dizer que comia socialmente e não dispensava carne no cardápio, seu horário de almoço era sempre após as 17h, quando já se preparava para a noite.

Nascido em Amparo (a 133 km da capital paulista), mudou-se para São Paulo na década de 1970 para trabalhar com políticos —foi, por exemplo, subchefe da Casa Civil de Paulo Maluf no governo estadual (1979-1982).

"Após as aulas, eu ia ver meu pai no trabalho e me sentia uma princesa nas escadarias do palácio do governo paulista", afirma a filha Maria Fernanda Bastos, 50, a Mafê.

Ela poderia fazer um trocadilho com a situação, pois Helito, que se dizia descendente do Barão de Cintra, era um monarquista assumido —o advogado foi apoiador no plebiscito da monarquia, em 1993.

Há alguns anos, a filha deu ao pai uma bengala com a imagem da rainha Elizabeth 2ª, comprada na Inglaterra. "Ele a usava dizendo que estava homenageando a monarquia", diz.

Helito, assim como a monarca, foi apaixonado e criador de cavalos. Ex-sócio da Hípica Santo Amaro, na zona sul, seu apartamento era todo decorado com o tema.

Em 1982, lançou-se a uma candidatura a vereador, mas o polêmico santinho, que tinha telefones dos seus bares preferidos em destaque maior que seu número das urnas, não o ajudou a conseguir muitos votos.

Homem fino, mas rústico, como diz a filha, conheceu o Brasil e principalmente o interior nas suas viagens por causa da política.

Porém era a noite paulistana que o atraía. E, nos últimos 20 anos, também seu apartamento em Barra do Una, no litoral norte paulista. Foi lá que passou a pandemia.

No local onde pescadores deixavam peixes, amigos colocaram uma placa: "Departamento Helito Bastos". E embaixo, uma de suas frases preferidas: "Enquanto há gelo, há esperança".

Helito havia três anos lutava contra as consequências de uma cirrose hepática. Ele morreu aos 75 anos, em um sábado, 13 de agosto passado, e seu corpo foi cremado no domingo, Dia dos Pais.

Os amigos de Barra do Una preparam um churrasco para o fim do ano, quando pretendem jogar as cinzas do capitão Helito no rio Una.

Hélio Machado Bastos Filho, o Helito, deixa a filha Mafê, as netas Victória e Estela, e garçons, órfãos desde a morte do dono daquela garrafa de uísque reservada especialmente para ele.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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