A Justiça decretou na tarde desta quarta (19) a prisão preventiva dos quatro jovens suspeitos de envolvimento na morte do ambientalista Adolfo Souza Duarte, 41, conhecido como Ferrugem, e aceitou a denúncia do Ministério Público contra eles por homicídio e ocultação de cadáver.
Vithorio Alax Silva Santos e Mauricius da Silva, ambos de 23 anos, e Katielle Souza Santos, 28, e Mikaelly da Silva Souza Moreno, 19, estão detidos desde o dia 24 de agosto, quando tiverem o pedido de prisão temporária aceito pela Justiça.
A motivação do crime teria sido ciúmes, segundo a delegada Jakelline Barros, do 101° DP (Jardim das Imbuias). Ela afirma ter convicção de que o ambientalista foi morto, levando em consideração os laudos periciais, que apontaram lesões no cadáver e também lesões em três dos detidos, e divergências nos depoimentos do quarteto.
As defesas dos quatro jovens negam que houve crime e dizem que a morte foi um acidente.
O ambientalista desapareceu no dia 1º agosto deste ano na represa Billings, na região do Grajaú, zona sul da capital. Ele fazia um passeio de barco com os quatro jovens. O corpo dele foi encontrado no dia 6 do mesmo mês.
Segundo a delegada, Vithorio teria ficado contrariado ao ver Mikaelly, com quem pretendia ficar, dançar com Ferrugem na embarcação. Ele teria, então, acionado o manete do barco, provocando um solavanco e derrubando propositalmente Ferrugem e Mikaelly na água.
Laudo do IML (Instituto Médico-Legal) apontou que o ambientalista foi vítima de asfixia mecânica, sem sinal de afogamento. O documento sugere a possibilidade de que tenha sido aplicada uma gravata nele, conforme lesões observadas no pescoço e no tórax.
O autor da asfixia mecânica teria sido Vithorio, de acordo com a polícia. Porém, ainda não está claro, segundo a delegada, como ocorreu a asfixia, se houve uso de algum golpe de fato ou material, como corda.
A versão de que Vithorio foi o autor da asfixia é baseada em depoimento de Mauricius, que relatou à polícia que ambos tinham a intenção de ficar com as meninas.
À reportagem, a delegada apontou ter encontrado diversas divergências durante as apurações.
Mauricius, em uma das idas até a delegacia sem a presença de seu advogado, teria relatado aos policiais ter ouvido de Vithorio que ele "zoou" o ambientalista, uma gíria como se tivesse ferido a vítima.
A delação levou a um racha entre os dois, posteriormente contornado, mas com Mauricius sendo colocado em uma cela de segurança no 8° DP (Brás/Belém).
Ainda conforme a delegada, foram encontradas contradições na comparação entre as informações contadas pelos investigados com conversas registradas nos celulares apreendidos.
As provas, acrescentou ela, desconstruíram as versões apresentadas por eles, de que a morte teria ocorrido por afogamento após o barco dar um solavanco e Ferrugem cair na represa. "As provas periciais, sobretudo a perícia necroscópica, de engenharia no barco, eletrônica nos aparelhos celulares e a reconstituição, apontaram que as versões apresentadas eram destituídas de verdade", explicou.
Segundo Jakelline, os laudos periciais apontaram lesões corporais em três dos investigados, bem como na vítima, o que, somado ao dano verificado na traseira do barco, aponta pela existência de luta corporal.
Procurado, o advogado André Nino, que defende Vithorio e Mauricius, criticou a metodologia adotada por Jakelline. "A delegada se aproveitou do cansaço do Mauricius para usar uma única palavra dele, que foi dita sem a presença do advogado, para atribuir suposta motivação da morte da vítima, e, assim, atribuir aos quatro jovens crime que eles não cometeram", disse.
"Vou peticionar nos autos na próxima segunda-feira e informar ao juízo e à Corregedoria da Polícia Civil que os jovens foram coagidos, principalmente o Mauricius, para alterar as suas declarações", acrescentou o advogado.
A reportagem tentou contato com a defesa de Mikaelly e Katielle, realizada por outro advogado. Ele, no entanto, não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
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