Escultura em homenagem a Mãe Stella de Oxóssi é incendiada em Salvador

Prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil) classificou o ato como criminoso e disse que caso está atrelado à intolerância religiosa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Salvador

A escultura em homenagem a ialorixá Mãe Stella De Oxóssi, que liderou o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá e foi uma das mais importantes líderes religiosas do candomblé, foi incendiada da madrugada deste domingo (4) em Salvador.

A peça de autoria do artista plástico Tatti Moreno (1944-2022) homenageia a ialorixá que morreu dezembro de 2018. Com 8,5 metros de altura, o conjunto traz a estátua de Mãe Stella em tamanho real sentada em um trono e à frente da figura do orixá Oxóssi.

Escultura fica em base de concreto amarela e traz Mãe Stella sentada em um trono. Atrás dela, há uma estáua do orixá Oxóssi
Escultura em homenagem à ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, em Salvador, foi danificada - Fundação Gregório de Mattos / Divulgação

Inaugurada em abril de 2019, a estátua fica na entrada do bairro de Stella Maris, nas proximidades do aeroporto de Salvador, em uma avenida batizada com o nome da líder religiosa.

Em nota, a Prefeitura de Salvador disse que registrou queixa na Delegacia de Itapuã, acompanhará as investigações do caso pelas autoridades policiais e lamentou o atentado ao patrimônio público. A estátua danificada será retirada do local para ser recuperada.

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), associou o episódio à intolerância religiosa. "Lamentável o incêndio criminoso na estátua de Mãe Stella de Oxóssi, ocorrido nesta madrugada. Não é a primeira vez que esse símbolo passa por uma situação de vandalismo atrelado à intolerância religiosa."

A Polícia Civil da Bahia ainda não se manifestou a respeito do caso e quais seriam as linhas de investigação.

A Ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, na Academia de Letras da Bahia
A Ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, na Academia de Letras da Bahia - Manu Dias/Agecom

Este não é o primeiro caso de vandalismo à escultura de Mãe Stella de Oxóssi. Em setembro de 2019, cinco meses depois de inaugurada, a peça teve a sua base pichada.

Mãe Stella de Oxóssi dedicou 80 anos da vida ao candomblé e comandou durante 42 anos o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador.

Enfermeira de formação, também era escritora e tornou-se membro da Academia de Letras da Bahia em 2013. Tem seis livros publicados e tornou-se uma referência nas lutas contra a intolerância religiosa e contra o racismo.

Fundado em 1910 pela ialorixá Mãe Aninha, o Ilê Axé Opô Afonjá é um dos terreiros de candomblés mais tradicionais da Bahia.

Foi frequentado por baianos ilustres como Jorge Amado e Dorival Caymmi, além do artista plástico argentino Carybé e do fotógrafo francês Pierre Verger, radicados na Bahia.

Mãe Stella é a quinta ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. Assumiu o posto em 1976, como sucessora de Mãe Ondina, e tornou-se uma das principais líderes religiosas da Bahia.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.