Debate da revisão do Plano Diretor de SP será conduzido por vereador pró-mercado

Rubinho Nunes, da União Brasil, assume Comissão de Política Urbana da Câmara Municipal

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São Paulo

Eleito nesta quarta-feira (8) presidente da Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente, o vereador de São Paulo Rubinho Nunes (União Brasil) terá em suas mãos a condução dos debates sobre a revisão do Plano Diretor de São Paulo. Essa legislação é a que impõe as regras para o crescimento da cidade.

Na contramão da posição de urbanistas que defendem maior regulação do setor público nas decisões sobre a expansão imobiliária no município, Nunes quer aumentar a participação do mercado no desenvolvimento da cidade.

Publicada no início de janeiro pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), a minuta do projeto de lei que revisa o Plano Diretor está em fase de consulta pública até 17 de fevereiro e deverá ser enviada à Câmara Municipal até 31 de março.

Eleito para presidir Comissão de Política Urbana, Rubinho Nunes prevê que Plano Diretor estará pronto até final do primeiro semestre de 2023
Rubinho Nunes prevê que a revisão do Plano Diretor fique pronta até final do primeiro semestre de 2023 - Bruno Wilker/Divulgação

À Folha o vereador afirmou que buscará "pontos de convergência" entre a demanda por habitação popular e os interesses de construtores e incorporadores.

"Fazendo isso, naturalmente, vamos conseguir atender uma parcela mais carente da população, mas também atender os setores do mercado, a classe média de São Paulo e outros setores que geram emprego e renda", disse.

"É importante dizer que um empreendimento de alto custo gera empregos através de porteiros, que trabalham no local, de prestadores de serviços, empregadas, seguranças, e isso tem impacto na vida da população mais carente, que é o acesso ao emprego", comentou.

Para o vereador, a imagem do mercado tem sido arranhada sobretudo nos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Sucessivamente o mercado é demonizado por setores da política, a gente vê isso na política nacional com as coisas que o presidente da República tem falado. Ele elegeu o mercado o grande vilão do eventual insucesso do próprio governo", disse Nunes.

Questionado sobre o risco de que a influência de construtores e incorporadores levem a cidade a ver a oferta de moradias de alto padrão como solução para a recuperação de áreas degradadas, especificamente no centro, Nunes disse que é preciso tornar a região mais atrativa.

"Não vejo a revitalização do centro diretamente ligada ao poder aquisitivo das pessoas, mas, sim, a torná-lo novamente interessante para que seja habitado", disse.

"Os imóveis na região central acabam desvalorizados justamente pela questão de segurança. Dificilmente uma pessoa vai pegar a família com crianças para residir região tomada por usuários de drogas, traficantes, e isso é extremamente complicado."

O último censo da população de rua, encomendado pela prefeitura, apontou 31.884 pessoas sem-teto na capital em 2021. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou, em entrevista na terça (7), que 9.800 pessoas deixaram as ruas entre janeiro e novembro de 2022.

Alinhado à proposta do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de levar para a região central da cidade a sede do governo paulista, o presidente da Comissão de Urbanismo enxerga na ideia de ampliação da presença do poder público na região da cracolândia uma oportunidade para a adoção de "políticas de tolerância zero ao uso de drogas".

"A partir do momento em que a gente traz meios de moradias, mas começa a centralizar a administração do poder, a prefeitura, base do governo, com a presença massiva da polícia, políticas de tolerância zero ao uso de drogas, naturalmente a gente torna o centro de São Paulo seguro. Ele se torna bonito novamente, vivo novamente, e o mercado, naturalmente, com sua oferta e demanda, vai se tornar atrativo e se autorregular."

Neste pacote de soluções para região central, o vereador também cita a necessidade de promover a internação compulsória dos usuários de drogas e em situação de rua, que seriam "reféns do tráfico".

A expectativa do vereador é que a revisão do Plano Diretor seja aprovada pelo Legislativo paulistano até o final deste semestre.

A atual legislação, sancionada em 2014 na gestão do então prefeito Fernando Haddad (PT), está válida até 2029, mas prevê uma revisão até 2021. No entanto, sob a justificativa da pandemia e imbróglio judicial, esse prazo se perdeu.

Além da escolha de Rubinho Nunes para Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente, a Câmara Municipal de São Paulo elegeu vereadores presidir as comissões do Orçamento (Jair Tatto, do PT), Constituição, Justiça e Legislação Participativa (Sandra Santana, PSDB), Administração Pública (Gilson Barreto), Trânsito e Transporte (Senival Moura, PT), Educação, Cultura e Esporte (Edir Sales, PSD) e de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher (André Santos, Republicanos).

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