Descrição de chapéu Obituário Maria Aparecida de Mello Garcia (1934 - 2023)

Mortes: Em qualquer situação, mantinha o sorriso no rosto

Maria Aparecida aderiu à tecnologia na pandemia para manter contato com filhos, netos e bisnetos

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Ribeirão Preto

Encontrá-la era sempre uma festa. Não importava a hora ou o dia, era inevitável ser recebido com um sorriso no rosto.

Segunda dos sete filhos do casal Joaquim Alves de Mello e Jerônima Augusta de Mello, Maria Aparecida de Mello Garcia nasceu em Batatais (a 350 km da capital paulista) em 1934.

Desde criança amava festas e celebrações que a vida proporcionava e assim se manteve após se casar com João Alves Garcia (1926-2009), com quem teve quatro filhos e aos quais sempre se dedicou com afinco.

Imagem mostra uma idosa sorrindo, com flores ao fundo
Maria Aparecida de Mello Garcia (1934-2023) - Arquivo pessoal

As primeiras festas, que a acompanharam por toda a vida, eram as de Santos Reis, já que seus pais e tios tinham uma companhia que percorria a zona rural na região.

Mas não importava o tema: podia ser também catira, que evocava a infância e as origens rurais, festas agrícolas ou Carnaval —desfilou por três escolas de samba de Batatais.

"O que ela mais amava eram as reuniões em família. Amava conversar longamente com filhos e netos e se deliciava com as travessuras dos bisnetos. Gostava de ver gente, encontrar as amigas e fazer novas amizades, o que era muito fácil porque ela era muito carismática", disse a filha Selma Garcia.

Os Natais em sua casa eram inesquecíveis, com mesa farta e um amigo secreto que começava na véspera e só acabava em 25 de dezembro, devido aos enigmas que os netos criavam para seus presenteados com o objetivo de prolongar aqueles momentos de alegria.

Todos os momentos felizes, dizia ela, eram fruto do apego à fé. Foi assim que superou aos 19 anos a morte do pai em seus braços, quando estava grávida, ou a perda do filho mais velho, Carlos, há quase seis anos.

Obstáculos foram diversos nas duas últimas décadas: teve um AVC, passou por cirurgias nos fêmures e viu agravar a retinose pigmentar (redução progressiva do campo visual). Nada, porém, a desanimou.

"Era amorosa, vaidosa e cheia de vontade de viver. Ligava para checar se já sabíamos de alguma questão que afetava o mundo e para contar que um botão de seu jardim virou flor. Ligava sempre, e eu para ela", disse a neta Melissa Toledo.

O isolamento que a pandemia provocou reduziu os contatos presenciais, mas ela supria a ausência com vídeos dominicais à família.

No último, no dia do Natal, lembrou da importância da data e pediu a todos para tentarem "ser um pouco felizes". Encerrou o vídeo com um sorriso e, dias depois, passou mal em casa e precisou ser internada.

No hospital, prestes a ir para a UTI, ainda recebeu chamadas de vídeos de familiares, dizendo que iria ficar melhor e voltar para casa.

Após mais de um mês, apresentou discreta melhora e foi transferida para um quarto da Santa Casa de Batatais, onde morreu no dia 7 devido à insuficiência respiratória.

Deixa os filhos Selma, Ercílio e João Edno, dez netos —entre eles o autor deste texto— e cinco bisnetos. E muita saudade do sorriso.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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