Descrição de chapéu Obituário Ivone Medeiros de Prol (1935 - 2023)

Mortes: Fã de vinhos, saiu de orfanato para criar sua família

Ivone de Prol reencontrou a irmã quatro décadas depois

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São Paulo

Dois dias antes de sua mãe partir, Paulo Prol Medeiros, 59, foi visitá-la no hospital e ouviu um convite. "Estava lúcida e disse ‘arruma uma taça de vinho para mim?’". Ivone era fã da bebida, que tomou o lugar da cerveja como a preferida.

Mas o hábito era acompanhado com uma rotina saudável. Enquanto pôde, praticou exercícios físicos e caminhadas nas orlas de Santos para manter-se ativa e curtir a família.

Zelar pela saúde foi uma das respostas à infância difícil, quando teve tuberculose no orfanato em que viveu junto com a irmã mais nova, Arlete.

ivone é branca, idosa, tem cabelo preto curto, usa óculos e caminha na praia. usa vestido preto com bolinhas brancas. ao fundo, carrinho de água de coco e um guarda sol
Ivone Medeiros de Prol (1935-2023) - Arquivo pessoal

Nascida em 1935, em Itapema, na periferia de Guarujá (SP), Ivone perdeu pai e mãe muito cedo. Foi acolhida com a irmã por Maria Máximo no Centro Espírita Ismênia de Jesus, fundado por ela em Santos.

Arlete foi adotada e deixou a casa. Mas por causa da doença nos pulmões, Ivone precisou ser levada a Ribeirão Pires para tratamentos.

De volta ao orfanato, terminou o ensino fundamental e passava os dias na janela vendo e falando com as pessoas na rua, inclusive o jovem espanhol Antonio Prol.

Ele estranhou a ausência de Ivone depois de um tempo. Soube que, por completar 18 anos, ela teve de sair do orfanato e foi trabalhar como doméstica.

O casamento aconteceu logo em seguida, e Ivone começou a construir sua própria família. Vieram os filhos Antonio Carlos, Horácio e Inês, além de Paulo, e ela tornou-se o porto seguro de todos, inclusive nos debates em ocasiões de festa.

"Meu pai é um cara mais à direita, e eu e Horácio, à esquerda. Então a gente sempre teve essas discussões", diz Paulo. "Quando vieram os filhos e sobrinhos, cada um foi tomando seu lado, mas minha mãe acompanhava e fazia a temperatura diminuir. No fundo, ela também foi mais à esquerda, sem marcar posição", completa.

Junto com o marido, mestre de obras, conheceu a Espanha e outros países da Europa e das Américas.

Uma grata surpresa foi um telefonema na década de 1980. Era Arlete, a parte que faltava de sua família. Ela achou o nome da irmã na lista telefônica e retomou o contato.

Ivone Medeiros de Prol morreu em 17 de janeiro, aos 87 anos, em Santos, por complicações causadas pelo Alzheimer. Seu último desejo, atendido, foi um brinde com vinho no velório. Deixa o marido, Antonio, 87, quatro filhos, oito netos e 11 bisnetos —a décima segunda está a caminho.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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