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Sete programas de pós da USP terão bolsas para pessoas negras

Estudantes serão contemplados por meio de acordo entre Carrefour e Ministério Público após morte de Beto Freitas em 2020

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São Paulo

Alunos negros de sete programas de pós-graduação da USP receberão bolsas de estudo por meio de um acordo entre o Grupo Carrefour, o Ministério Público Federal e outras instituições de Justiça.

No Brasil todo, o Carrefour pagará 883 bolsas de estudos para alunos negros, sendo 305 para a graduação, 223 para especialização, 304 para mestrado e 51 para doutorado, tanto em instituições públicas quanto privadas.

O aporte é de R$ 68 milhões, parte do total de R$ 115 milhões do acordo que a empresa fez com a Justiça após a morte de João Alberto Silveira Freitas, agredido por seguranças em uma unidade da rede de supermercados em Porto Alegre, em novembro de 2020.

Estudantes fazem prova em sala de aula
Estudantes fazem prova da segunda fase da Fuvest em janeiro de 2022 - Rivaldo Gomes - 16.jan.2022/Folhapress

Na USP, a coordenadoria responsável por cada curso selecionará quantos e quais alunos receberão as bolsas, de acordo com seus próprios critérios de seleção e valores a serem recebidos.

Os programas de doutorado e mestrado selecionados foram: humanidades, direitos e outras legitimidades, da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas); mestrado em Educação, da FE (Faculdade de Educação); mestrado em gestão de políticas públicas, da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades); mestrado em mudança social e participação política, também da EACH; mestrado em administração, da FEA (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária); e mestrado em estética e história da arte, programa de pós-graduação interunidades sediado no MAC (Museu de Arte Contemporânea).

Para o pró-reitor adjunto de pós-graduação da USP, Niels Olsen Saraiva Câmara, o edital de seleção com foco em políticas afirmativas foi um marco no financiamento externo na pós-graduação no Brasil e um passo importante para consolidar essas políticas.

Câmara afirma que iniciativas de apoio com aporte de recursos que promovam a inclusão, a equidade de gênero e diversidade são fundamentais para que a universidade avance em busca de uma excelência na formação discente e nas pesquisas.

"A pós-graduação na USP inclui estudos em todas as áreas de conhecimento. A diversidade e a inclusão ajudam a criar um ambiente fértil de aprendizado e mais acolhedor para todos os alunos", diz o pró-reitor adjunto.

Para Merllin de Souza, representante discente de pós-graduandos no Conselho de Pós-Graduação da USP e doutoranda em ciências da reabilitação na Faculdade de Medicina da universidade, o valor das bolsas que pós-graduandos receberão por meio do edital do Carrefour são acima dos valores médios recebidos por outros pós-graduandos via outros fomentos à pesquisa.

"Os valores serão de R$ 3.500 para o nível de mestrado e R$ 5.000 para o nível de doutorado, quando a média para mestrado é R$ 2.100 e doutorado R$ 3.100, isso já considerando o reajuste de 40% concedido pelo governo federal no mês passado", diz.

Além da destinação do auxílio a estudantes negros, a própria escolha dos cursos contou com critérios que visam à inclusão e à diversidade: cursos com mais de 20% de alunos negros matriculados, pelo menos 20% de docentes negros e presença de grupos minorizados, como imigrantes e quilombolas, pontuavam mais. Também há cursos que historicamente são sub-representados pela população negra.

"Esse edital vem de uma situação trágica, mas que sirva de exemplo, pois não aceitaremos mais nenhum tipo de racismo, especialmente o estrutural. É uma reparação para o povo negro, mas a luta não por aí. Dentro das universidades é preciso ver cada vez mais a cara e a cor do povo brasileiro", afirma Souza.

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