Descrição de chapéu Obituário Rosicleia Maria de Souza (1966 - 2023)

Mortes: Amante da culinária, viveu o sonho de ser cozinheira no último ano de vida

Rosicleia Maria de Souza precisou deixar os estudos para ajudar na criação dos irmãos

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São Paulo

Rosicleia Maria de Souza, chamada comumente de Rosi, adorava cozinhar, mas, por grande parte da sua vida, ela não viveu esse sonho. Foi somente há cerca de um ano que conseguiu virar cozinheira.

"Há um ano, ela decidiu largar tudo e viver o sonho dela de ser cozinheira, e começou a vender quentinhas. Eu até ajudei ela, e meu irmão entregava", conta a estudante de pedagogia Ana Vitória de Souza, filha de Rosi.

Antes de seguir pelo caminho da gastronomia, Rosi foi empregada doméstica por quase toda a vida. Nascida e criada na favela da Cidade de Deus, ela precisou deixar a escola ainda criança, cursando somente até o 5º ano do ensino fundamental, para ajudar os pais na criação dos irmãos —no total, foram 12. "Ela teve uma infância bem complicada e passou por diversas necessidades", diz Vitória.

Mulher negra posa para foto
Rosicleia Maria de Souza (1966-2023) - Arquivo pessoal

Com cerca de 20 anos, Rosi teve o primeiro filho, Magno de Souza, e precisou cuidar da criação dele sozinha porque o pai da criança foi ausente. Ela enfrentou dificuldades e teve de se dedicar muito para proporcionar um ambiente saudável para o filho. Vitória relata que a mãe trabalhou bastante para colocar o irmão em uma escola particular.

Segundo a estudante, uma prioridade da mãe era que os filhos tivessem o acesso à educação que ela não teve. "Ela dizia que deveríamos estudar, para termos o melhor, porque ela não teve a oportunidade que eu e meu irmão tivemos."

Já Vitória nasceu quando Rosi tinha 32 anos. O pai dela foi presente e, por isso, facilitou a criação para Rosi. Mas foi somente depois de muitos anos que ela conseguiu realizar o sonho de ser cozinheira. "Ela adorava cozinhar e cozinhava super bem", conta a filha.

A empreitada começou há cerca de um ano. Mas tudo mudou quando, há algumas semanas, Rosi teve a notícia de que estava com cardiomegalia, chamado popularmente de coração grande. "Foi uma coisa muito rápida", narra Vitória.

A cozinheira foi então internada. No hospital, outras complicações surgiram, como um edema pulmonar, que é quando há acúmulo de líquido no pulmão. Rosi ficou intubada por uma semana antes de morrer.

Desde o diagnóstico da cardiomegalia até o óbito foram cerca de 15 dias. "Essa questão do coração foi o pivô para várias outras questões, como pneumonia", conta a filha, indicando também que a mãe "foi muito guerreira".

Rosi deixa dois filhos e três irmãos.

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