A população de Boa Vista (RR) foi a que mais cresceu proporcionalmente de 2010 a 2022 entre as capitais brasileiras. A cidade tem 413,4 mil habitantes, um aumento de 45,4%.
Os dados são do Censo Demográfico 2022, divulgados na manhã desta quarta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes do país, que chegou a 203 milhões de habitantes, o que teve a maior taxa de crescimento foi Senador Canedo, em Goiás, que viu a população saltar de 84,4 mil em 2010 para 155,6 mil no ano passado.
Considerando todas as cidades, incluindo as com menos de 100 mil habitantes, Canaã dos Carajás, no Pará, foi a que mais cresceu proporcionalmente, com 188,5%, chegando a 77 mil habitantes no ano passado.
Em quantidade absoluta, Manaus (AM) teve o maior crescimento, com 261,5 mil habitantes a mais, chegando a 2,06 milhões de habitantes. Brasília, segunda colocada, teve um incremento de 246,9 mil habitantes, com 2,81 milhões no total.
A capital amazonense viu sua população aumentar 14,5% nesses 12 anos. Entre as capitais, também tiveram crescimento relevante Campo Grande (MS), com 14,1% e Goiânia (GO), com 10,4%.
Boa Vista viu sua população residente somar 129,1 mil habitantes em dez anos, mas ainda não há distinção no Censo sobre a origem desse aumento, como a migração de venezuelanos ou o garimpo.
Segundo Fábio Martinez, secretário-adjunto de Planejamento de Roraima, a capital e Pacaraima (cidade mais próxima da fronetira com a Vezesuela) claramente tiveram incrementos ligados ao fluxo migratório.
"Pacaraima passou de cerca de 10 mil habitantes para 19 mil, quase dobrou nesses últimos 12 anos. Em Boa Vista, tivemos quase 130 mil pessoas a mais em uma cidade de porte médio, o que é muito significativo".
Ele também destacou o recenseamento de indígenas no estado em cidades como Uramutã, que tem 90% da área pertencente a terras indígenas demarcadas, segundo a secretaria, e comemorou o índice de população imputada (estimada) no estado, abaixo da média nacional de 3,9%.
"A região de Roraima tem uma tradição de pelo menos 100 anos de migração, alguns momentos com mais, outros com menos", disse Paulo Racoski, sociólogo e professor do Instituto Federal de Roraima.
Para ele, a região já foi mais tensa pelo grande volume de entrada no Brasil de pessoas da Venezuela na última década. Hoje, a rede de serviços públicos e assistência social ainda é pressionada, mas já houve uma adaptação, especialmente em relação a filhos. "Já temos uma geração de novos brasileiros com pais e mães venezuelanos."
Cidade mais populosa do país, São Paulo aparece em nono lugar no crescimento relativo das capitais, com um aumento de 1,8%.
No ranking absoluto, fica em terceiro lugar, com 197,7 mil pessoas a mais, em um total de 11,4 milhões de habitantes. Outras capitais do Sudeste, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, registraram perdas de população.
Em seguida, a paulista Sorocaba é a primeira cidade que não é capital a aparecer no ranking de crescimento absoluto, com 136,9 mil habitantes a mais e 723,5 mil no total.
Goiânia, que faz parte do Centro-Oeste, região que mais cresceu no país, registrou acréscimo de 135,2 mil pessoas, com um total de 1,43 milhão de habitantes.
Também no estado, Senador Canedo (GO), município com 34 anos, hoje é sede do principal polo petroquímico do Centro-Oeste. A cidade, que cresceu 84,4%, também é o último ponto de entrega da tubulação de combustíveis que liga a refinaria de Paulínia (SP), a maior do país, à região.
Considerando todos os municípios do Brasil com mais de 100 mil habitantes, além de Senador Canedo (GO), completam a lista das cinco cidades com mais crescimento Fazenda Rio Grande (PR) teve 82,3%, Luís Eduardo Magalhães (BA), com 79,5%, Sinop (MT), com 73,4%, e Parauapebas (PA), com 73,1%.
A cidade baiana é considerada a capital da região de Matopiba, que concentra a principal expansão de fronteira agrícola do país. O nome é formado pelas siglas de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
No Pará, a população de Canaã dos Carajás quase triplicou desde 2010, de 26.716 habitantes para 77.079 no ano passado. Segundo Bruno Malheiro, geógrafo e pesquisador da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, o principal motivo é uma onda de migração ligada à instalação, em 2016, do S11D, da Vale, maior projeto de mineração de ferro do mundo.
"O crescimento populacional tem relação direta com essa dinâmica de uma expansão de mineração desenfreada e até irresponsável, porque o nível de precariedade dessas cidades é absurdo, com violência e desigualdade social."
Para ele, o crescimento é generalizado no Pará, que considera uma das principais frentes de agronegócio e mineração no país.
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