Descrição de chapéu Obituário José Duarte de Almeida Pinho (1953 - 2023)

Mortes: Produtor cultural, transformou uma vila portuguesa em polo livreiro

José Pinho morreu no dia 30 de maio em decorrência de um câncer e deixou seu nome gravado no setor cultural de Portugal

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São Paulo

A vida do produtor cultural português José Pinho foi permeada pela cultura e pelos livros ao longo de seus 69 anos. Corajoso e idealista, conseguia realizar projetos culturais mesmo quando faltavam recursos.

Nasceu em São Pedro do Sul, no distrito de Viseu e formou-se em línguas e literaturas modernas.

Pinho fundou os festivais literários Folio (Festival Literário Internacional de Óbidos) e Latitudes (Literatura e Viajantes), em Óbidos. Era também fundador da livraria Ler Devagar.

Colocou Óbidos, uma pequena vila portuguesa, no mapa mundial da cultura ao abrir 11 livrarias em prédios abandonados, criando um verdadeiro polo livreiro, tendo reconhecimento da Unesco.

José Duarte de Almeida Pinho (1953 - 2023) com o amigo brasileiro Afonso Borges (à dir.)
José Duarte de Almeida Pinho (1953 - 2023) com o amigo brasileiro Afonso Borges (à dir.) - Arquivo Pessoal

Foi diretor artístico do Lisboa 5L, festival que celebra o Dia Mundial da Língua Portuguesa e promove a língua, a literatura, os livros, as livrarias e a leitura. Também era presidente da Reli (Rede de Livrarias Independentes). Além de ter desenvolvido inúmeros projetos culturais e de ter colaborado para a manutenção e desenvolvimento de diversas livrarias.

"Ele era um visionário, um motor, uma fábrica de sonhos. Eu o admirava com todos os meus poros. Era uma pessoa capaz de idealizar um evento, ter uma ideia e fazer aquilo acontecer, que é a coisa mais difícil. Muitas vezes não tinha recursos, mas fazia acontecer", diz o amigo brasileiro Afonso Borges.

Pinho, aliás, era um grande entusiasta do Brasil, onde esteve diversas vezes participando de eventos culturais e palestras ligados ao mundo literário. Tendo, inclusive, um neto brasileiro, nascido em Belo Horizonte, Minas Gerais.

"Ele é uma referência no mundo dos livros. Se eu quisesse um dia ser alguém, eu queria ser um Zé Pinho, com essa capacidade transportar para o mundo real aquilo que se sonha. Isso não é para todo mundo. O legado dele não acaba, é completamente imaterial. Ele vai ser lembrado como uma pessoa que tinha um profundo amor pelos livros e que sabia fazer isso se materializar", diz o amigo de longa data.

No início de maio recebeu a medalha de Mérito Cultural pela Câmara Municipal de Lisboa. Na semana seguinte foi agraciado com o título de comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, título recebido das mãos do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

Pinho morreu no último dia 30 de maio, em Lisboa, em decorrência de um câncer. Deixou a esposa Manuela Figueiredo, os filhos Pedro e Joana, e seis netos. O velório e a cerimônia de cremação ocorreram na capital portuguesa.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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