Vereadores de SP aprovam construção de moradias para 1.400 famílias na Vila Leopoldina

Proposta de urbanização do bairro, que ainda precisa da sanção do prefeito, provoca divisão entre moradores há quase dez anos

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São Paulo

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira (7) uma proposta de urbanização que há quase dez anos provoca divisão entre moradores da Vila Leopoldina, bairro da zona oeste de São Paulo.

O PIU Leopoldina —a sigla para Projeto de Intervenção Urbana—, lançado em 2016, permitirá a construção de moradias para cerca de 1.400 famílias das comunidades do Nove, da Linha e Madeirite.

Moradores de imóveis de alto padrão nas proximidades fizeram ao longo dos anos oposição ruidosa à construção de um conjunto habitacional em terrenos mais próximos às suas residências.

Entre os argumentos dos contrários está o adensamento populacional do bairro, além da necessidade de descontaminação de uma área.

Favela do Nove, na Vila Leopoldina, é um dos locais que receberiam empreendimento da Votorantim; em contrapartida, um conjunto habitacional seria construído perto dali
Favela do Nove, na Vila Leopoldina, é um dos locais que receberiam empreendimento da Votorantim; em contrapartida, um conjunto habitacional seria construído perto dali - Danilo Verpa - 14.jul.22/Folhapress

Um dos terrenos a serem reurbanizados pertence ao grupo Votorantim e está margeado por vias onde é possível ver o consumo de crack durante o dia. São ruas vizinhas à Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).

A Votorantim e outras empresas pretendem criar um polo corporativo na região, onde já há edifícios que atendem a esse perfil. Porém o volume de obras pretendido excede o que a lei de zoneamento permite.

Nesses casos, para construir a mais, é preciso o pagamento de uma taxa, a outorga onerosa.

Mas, em vez de pagar a outorga, a Votorantim propôs a construção de conjuntos habitacionais voltados para a população das favelas.

Os beneficiários da parceria público-privada já foram cadastrados pela Secretaria de Habitação. Parte das novas residências seria vizinha a condomínios de luxo, onde o setor imobiliário investiu com força e se beneficiou com a proximidade do parque Villa-Lobos.

Após a aprovação por unanimidade na Câmara nesta quarta, o líder comunitário Alexandre Beraldo, conhecido como Xandão, disse que o resultado da votação representa uma vitória da população carente que desde 2013 lutava pelo direito de permanecer no bairro.

"É um dia histórico, em que o setor privado e o poder público concordaram em prover moradia para a população pobre em uma área elitizada, permitindo que as pessoas continuem perto do trabalho, das escolas", disse o líder comunitário.

Xandão espera que as unidades sejam entregues em cerca de dois anos e meio.

O texto aprovado pelos vereadores ainda precisa ser sancionado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

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