Aos 45 anos, Marcelo Gradella Villalva já era referência. Professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o docente era especialista em energia, sendo criador do Laboratório de Energia e Sistemas Fotovoltaicos da instituição do interior paulista —na qual também estudou.
Estudantes de todo o país ansiavam para ter aulas com ele. Sempre bondoso, era conhecido por abraçar a todos.
Campineiro, Villalva nasceu em 1978. O ingresso no curso no bacharelado em engenharia elétrica da universidade ocorreu em 1997. Ao finalizar a graduação, passou por três iniciações científicas e, em 2002, iniciou mestrado. O pontapé como docente ocorreu em 2013.
"Trata-se de uma perda irreparável", diz Hugo Hernández Figueroa, colega de Villalva na Unicamp. "Um jovem, que vinha produzindo muito acima da média e com projetos de extensão de grande impacto na área de energia."
Até este ano, o profissional havia publicado 160 trabalhos científicos e orientado 19 pesquisas de mestrado e cinco pesquisas de doutorado. Ele deixa em andamento 22 orientações.
Pessoalmente, o docente pôde auxiliar também no desenvolvimento da infraestrutura da Unicamp. Conseguiu captar cerca de R$ 40 milhões em recursos extraorçamentários e firmou convênio de R$ 22,9 milhões e três anos de duração, assinado em meados de junho com uma empresa multinacional de energia, prevendo construção de uma usina de geração de energia elétrica por placas fotovoltaicas e a reforma de laboratórios de pesquisa.
A parceria prevê ainda a contratação de 33 bolsistas de doutorado, pós-doutorado e iniciação científica e envolverá a atuação de 14 professores e pesquisadores.
Realizado, assim o homem se dizia. Chegava cedo ao campus e só saía após o último aluno. Sempre sorridente, sabia ser ali o seu lugar. Considerava um lar.
"Ele estava com a carreira de vento em popa. Além do trabalho de muito destaque, ele tinha atuação social muito forte", diz Bruno Masiero, colega de trabalho e amigo de Villalva.
Tudo foi interrompido abruptamente no último dia 21, quando Marcelo Gradella Villalva morreu. A causa não foi divulgada pela família. Ele deixa esposa e quatro filhos, pelos quais dizia trabalhar tanto.
Ao chegar em casa todas as noites, às vezes madrugadas, insistia em dar um beijo em cada um dos rebentos, os abraçar e declarar seu amor.
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