Ocupação de angolanos sem-teto é alvo de ação de despejo no centro de SP

Cerca de 40 famílias viviam em edifício que estava fechado

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São Paulo

Um prédio ocupado por imigrantes angolanos sem-teto foi alvo de uma operação de reintegração de posse na tarde desta terça-feira (15) no centro de São Paulo. Segundo o movimento, cerca de 40 famílias viviam no local desde abril.

Oficiais de Justiça e policiais entraram no edifício e exigiram a saída dos moradores. A calçada em frente ficou tomada por móveis, eletrodomésticos e pertences dos imigrantes. "Alguns vão para casas de amigos e vão deixar as coisas em galpões, mas a maioria não tem para onde ir", diz a líder do Movimento Social por Moradia, Adilma Sousa dos Santos.

Fachada de prédio na praça do Patriarca, no centro de São Paulo, ocupado por angolanos que foi alvo de ação de despejo
Fachada de prédio na praça do Patriarca, no centro de São Paulo, ocupado por angolanos que foi alvo de ação de despejo - Danilo Verpa - 27.jul.23/Folhapress

Ela afirma que entre os moradores, há três mulheres com recém-nascidos e dezenas de crianças. A líder da ocupação diz que nenhum assistente social participou da reintegração não compareceram durante a ação de despejo.

Até ser ocupado, o prédio estava vazio há cerca de um ano e já chegou a sediar o trabalho de secretarias municipais.

A ação de reintegração de posse foi protocolada na Justiça pela empresa Vivarium Participações Ltda. que tem contrato de locação do edifício desde dezembro de 2021 para sublocar as salas comerciais. Procurada, a empresa não respondeu a reportagem até a publicação do texto.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirmou que o imóvel pertence ao Banco do Brasil e que, após a reintegração de posse, as equipes da administração regional realizarão ações de limpeza e zeladoria no local. Foram disponibilizados encaminhamentos para os serviços de acolhimento da rede socioassistencial, segundo a gestão municipal.

Também em nota, o Banco do Brasil esclareceu que é locatário de imóvel vizinho onde está instalada uma agência bancária. "O BB possui contrato de locação desde 2003 nesse endereço referente ao andar térreo", informou.

A maioria que mora na ocupação está há menos de um ano na cidade e se mudou para o prédio histórico após passar por abrigos voltados a receber imigrantes na região. Mesmo empregados, os moradores afirmam não terem como arcar com os custos do aluguel e manterem suas famílias.

Há ao menos mais dois endereços ocupados pelo movimento formado por imigrantes africanos sem-teto no centro de São Paulo. Um deles fica em frente à praça da República e se trata do primeiro fórum de Justiça Federal da capital paulista, inaugurado em junho de 1968. Dezenas de famílias de estrangeiros, a maioria angolanos, ocupam o imóvel público desde o último dia 7.

Com quase 32 mil pessoas em situação de rua, a cidade de São Paulo reúne 588.978 imóveis vazios, entre apartamentos e casas, conforme dados do Censo 2022 publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).

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