Descrição de chapéu feminicídio violência

Carta de adolescente encontrada morta indica abuso sexual, diz mãe

Suspeito preso é o ex-padrasto, que, segundo a polícia, confessou o crime; ele ainda não tem advogado

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São José do Rio Preto (SP)

A Polícia Civil de São José do Rio Preto (a 442 km de São Paulo) investiga uma carta supostamente deixada pela adolescente Ana Cristina da Silva, 15, encontrada morta no início de agosto na zona rural da cidade.

Suspeito de feminicídio e ocultação de cadáver, o trabalhador rural Adriano José da Silva, 36, foi preso após confessar ter matado a ex-enteada, segundo a polícia. Ele ainda não tem advogado, e a defesa será feita por um defensor público.

A carta apresentada pela mãe da estudante indica que a garota era abusada sexualmente desde os quatro anos de idade pelo homem.

Adolescente de óculos toma água em um copo plástico
Ana Cristina da Silva, 15, foi estuprada e morta em São José do Rio Preto (SP) - Arquivo pessoal

Ana Cristina desapareceu no dia 27 de julho, em São José do Rio Preto. Seu corpo foi encontrado às margens da rodovia Feliciano Salles Cunha, entre Mirassol (SP) e Neves Paulista (SP), cidades vizinhas de onde a jovem morava com a mãe e o irmão, no dia 4 de agosto, após o homem ser preso e indicar onde havia enterrado o corpo da vítima.

A mãe da adolescente, Carla Cristina da Silva Nascimento, 36, afirma que encontrou a carta escrita pela filha em uma pasta em meio aos desenhos que a jovem costumava fazer.

"Eu já havia olhado aquela pasta, mas na primeira vez não encontrei. Acredito que ela tenha escrito para desabafar e para se explicar", diz a mãe. "Depois de tudo que aconteceu, eu descobri por uma amiga dela que a Ana pensava em sair de casa caso ele tocasse nela novamente."

Na carta, que teria sido escrita em 6 de dezembro do ano passado, a adolescente descreve como se sente diante da situação e revela que os abusos começaram quando ela tinha apenas quatro anos.

"Eu já pensei, mas, se eu abrir a boca, vai tudo piorar e a culpada vai ser eu. Abusada desde os quatro anos, eu nunca falei para a minha mãe, para ninguém. Até hoje eu sou muito fraca", diz trecho da carta, que teria sido escrita no dia 6 de dezembro do ano passado.

Carta suspostamente escrita pela adolescente Ana Cristina da Silva, 15 - Reprodução

A carta foi entregue à Polícia Civil e incluída no inquérito que investiga o estupro.

"São dois inquéritos distintos. Um do assassinato e outro do estupro. Ambos já estão concluídos e foram encaminhados à Justiça", afirma a delegada Dálice Ceron, da Delegacia de Defesa da Mulher.

A mãe da adolescente e o suspeito ficaram juntos por 12 anos e estavam separados havia três meses na época do crime. Carla afirma que nunca desconfiou que a filha sofresse abusos e diz que a adolescente o chamava de pai.

Na noite do dia 26 de julho, Silva teria invadido a casa onde Ana Cristina morava, aproveitando que ela estava sozinha, e se escondeu embaixo da cama da jovem. A mãe da adolescente trabalha em um restaurante durante a noite.

Na madrugada, após a mãe da garota chegar e enquanto todos dormiam, ele teria rendido a adolescente e a obrigado a sair do imóvel e entrar com ele em um carro. O veículo havia sido alugado horas antes.

O suspeito então levou a adolescente até a chácara onde morava e trabalhava e a teria estuprado antes de matá-la asfixiada.

No dia seguinte, o homem ainda teria acompanhado a mãe de Ana Cristina até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento da garota.

O suspeito desapareceu no dia seguinte ao registro, após ser confrontado pela mãe da adolescente, por telefone, sobre o suposto abuso sexual contra a menor —informação que teria chegado até a mãe pela amiga da adolescente.

Adriano foi preso em Olímpia, também no interior paulista.

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