Descrição de chapéu Datafolha

Para 58% dos paulistanos, concessão de cemitérios públicos não melhorou serviço

Apenas 9% dos entrevistados enxergam melhoria; avaliação é pior entre mais pobres e menos escolarizados

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São Paulo

A concessão dos cemitérios públicos de São Paulo para a iniciativa privada não resultou em melhorias no serviço para 58% dos paulistanos. Apenas 9% da população avalia a mudança positivamente. Desde março, o Serviço Funerário da capital é gerido por quatro empresas.

Os dados foram coletados pelo Datafolha, que ouviu 1.092 moradores da capital paulista na terça (29) e quarta-feira (30). A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.

Para 32% dos entrevistados, o serviço das concessionárias é pior do que o oferecido anteriormente pela prefeitura, enquanto 26% responderam que a qualidade continua a mesma –totalizando 58%. Outros 33% não souberam opinar sobre o assunto.

Jazigo destruído em uma das alamedas do cemitério da Consolação, que foi concedido à iniciativa privada - Eduardo Knapp - 18.jun.23/Folhapress

A pesquisa mostra que quanto mais velha, mais pobre e menos escolarizada, maior é a proporção dos entrevistados que enxergam piora na qualidade do serviço prestado. Ao mesmo tempo, a avaliação positiva só oscila dentro da margem de erro ao analisar os diferentes perfis.

Entre a população com mais de 60 anos, por exemplo, 49% disseram que os serviços estão piores. Para apenas 7% dos entrevistados dessa idade houve melhora. Já entre os mais jovens (de 16 a 24 anos), 18% disseram que o serviço piorou, 41% que continua igual e 11% que melhorou.

A população com renda mais alta opina menos sobre o assunto. Entre aqueles com renda familiar superior a 10 salários mínimos por mês, 46% não souberam avaliar o serviço. Outros 28% disseram que houve piora.

Já entre a população que recebe até dois salários mínimos, predomina opinião similar à da maioria: 35% disseram que o serviço piorou e outros 26% que permanece igual.

Com relação ao nível de escolaridade, 43% dos entrevistados que tem até o ensino médio consideram que o serviço piorou. A opinião é compartilhada por 29% dos paulistanos com ensino superior. Ainda sobre este grupo, 41% não opinaram.

Segundo a pesquisa, a concessão do Serviço Funerário é mais aprovada entre pessoas que avaliam positivamente (ótimo/bom) a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB): 16% disseram que houve melhora, enquanto 25% disseram que o serviço continua igual e 27% disseram que piorou.

Ao considerar entrevistados que avaliam como ruim ou péssimo o trabalho do prefeito, sobe para 40% a avaliação de que o serviço está pior que antes, e cai para 7% quem diz enxergar melhora.

A concessão dos 22 cemitérios públicos da capital paulista e do crematório da Vila Alpina (zona leste de SP) teve início no último mês de março. As concessionárias Cortel, Velar, Maya e Consolare pagaram R$ 7,2 bilhões à prefeitura para administrar as unidades pelos próximos 25 anos.

Em março, a Folha mostrou que a concessão do Serviço Funerário levou a aumento de preços de até 400% nos serviços.

Dois meses depois, uma auditoria do TCM (Tribunal de Contas do Município) identificou entulho, jazigos vandalizados e invasões em cemitérios concedidos. Os contratos preveem a revitalização e ampliação dos espaços pelas empresas.

A concessão também é alvo de investigação do Ministério Público Estadual, que apura possíveis violações à política de gratuidade em sepultamentos na capital após mudança na administração.

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