Governo federal e Rio vão criar comitê contra lavagem de dinheiro de grupos criminosos

Proposta que será apresentada a Lula estabelece que Aeronáutica e Marinha atuem em portos e aeroportos

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Brasília

O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, disse nesta segunda-feira (30) que o governo federal e o estado do Rio de Janeiro vão criar um comitê para combater a lavagem de dinheiro de grupos criminosos.

Fará parte do Cifra (Comitê Integrado de Investigação Financeira e Recuperação de Ativos) a Polícia Civil do Rio de Janeiro, Secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro, Ministério da Justiça, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal. Haverá conversa para que o Coaf (Conselho de Controle de Ativos Financeiros) também possa atuar.

"A nossa meta é que na quarta-feira que vem o ministro Flávio Dino e o governador Cláudio Castro assinem a formalização do comitê", disse.

Ministro da Justiça, Flávio Dino (Xinhua/Lucio Tavora)

Flávio Dino disse que a previsão é entregar um pacote para o presidente Lula (PT) nesta terça-feira (31) prevendo a atuação das Forças Armadas no estado.

A proposta é que Marinha e Aeronáutica possam atuar em portos e aeroportos. Os ajustes serão feitos em uma reunião com o ministro José Múcio (Defesa) antes de ser apresentado ao presidente.

"Amanhã nós vamos apresentar o detalhamento da proposta da Polícia Federal, do Ministério Da Justiça de forma geral, e o Ministério da Defesa irá apresentar a proposta do Exército, da Aeronáutica e da Marinha. Vamos compatibilizar isso e ainda amanhã vamos apresentar ao presidente da República", disse.

"Como você concretiza [o plano]: portos. Quais portos? Que condições? Quem faz? Por que a gente tem lancha da Polícia Federal e a Marinha também tem lancha. Aeroporto. Qual aeroporto? Só do Rio ou o abrange o de Guarulhos? Porto. Só o do Rio ou abrange o Porto de Santos", acrescentou Dino.

Como a Folha mostrou, as Forças Armadas serão acionadas para atuar também em fronteiras consideradas sensíveis, como a do Paraguai. Integrantes do governo dizem que há suspeitas de que armas contrabandeadas passem pelo país vizinho.

A intenção de atuar nas fronteiras, por exemplo em Mato Grosso e no Paraná, seria justamente a de tentar impedir que os armamentos cheguem ao Rio.

O governador Cláudio Castro (PL), por sua vez, reivindica que agentes da União atuem também nas estradas federais que cortam o estado do Rio, inclusive para a proteção das divisas. Aliados do governador defendem que o Exército atue nessa frente. Isso incluiria rodovias que atravessam a Baixada Fluminense e chegam até a Linha Vermelha, via que circunda o Complexo da Maré e é marcada por conflitos entre traficantes e policiais.

Militares, porém, afirmam que seria necessário decretar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para que o Exército atue em estradas federais —hipótese rechaçada pelo governo estadual e pelo Planalto.

Havia a expectativa de que essa reunião ocorresse nesta segunda-feira (30) para ser apresentando conjuntamente com a Defesa e os comandantes das Forças Armadas um plano ao presidente.

O estado vive momento de crise na segurança pública, com aumento de tensão causada por grupos criminosos na região metropolitana da capital fluminense.

No último dia 23, 35 ônibus e um trem foram incendiados na zona oeste do Rio após a morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, um dos líderes da maior milícia do estado. O ataque foi o maior já registrado contra o transporte público fluminense e causou o caos na cidade, com vias fechadas e estações lotadas.

De acordo com o ministro, o plano abordará ainda outros itens, como o incremento no uso da tecnologia para o combate das organizações criminosas. O ministro disse que vai sugerir, por exemplo, a aquisição por parte do governo de uma ferramenta que identifica celulares nos presídios.

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