Descrição de chapéu chuva

Bairros da zona sul de SP amanhecem com vias bloqueadas e faróis apagados após temporal

Bombeiros receberam mais de mil chamados relacionados à queda de árvore desde sexta (3)

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São Paulo

Bairros da zona sul de São Paulo amanheceram com vias bloqueadas pela queda de árvores, semáforos apagados e prédios ainda sem luz neste sábado (4), mais de 12 horas após o temporal que deixou duas pessoas mortas na capital e quatro em outros municípios do estado. Comerciantes relatavam prejuízos, e moradores lidavam com o transtorno da falta de energia.

A região da zona sul foi uma das mais afetadas pela forte ventania e pela chuva desta sexta-feira (3). Às 10h, uma árvore caída bloqueava totalmente a avenida Cotovia, em Moema, onde a fiação dos postes se rompeu.

Uma equipe da concessionária Enel chegou ao local às 10h05 para começar a trabalhar na liberação da via. Em outros bairros da zona sul, como Indianópolis e Vila Mariana, era possível ver dezenas de árvores ainda caídas.

Árvore caída na Avenida Cotovia, após temporal que atingiu São Paulo
Árvore caída na avenida Cotovia após temporal que atingiu São Paulo - Tulio Kruse/Folhapress

Segundo o Corpo de Bombeiros, foram feitos 1.281 chamados à corporação devido à queda de árvores nesta sexta em toda a região metropolitana e outros 40 durante a madrugada deste sábado (4).

Proprietário de um restaurante na alameda Jauaperi, o empresário Adriano de Almeida Pinto, 59, afirmou ter registrado um prejuízo de ao menos R$ 5.000 com a queda de energia, apenas com sorvetes que derreteram dentro do freezer desligado. Ele comprou sacos de gel o num supermercado vizinho, que estava fechado pela falta de luz, para salvar a comida que ainda tinha nas geladeiras e freezers.

A venda só ocorreu porque os dois proprietários se conhecem e o supermercado também corria o risco de perder o gelo. "Gerador, nessa situação, é difícil de conseguir porque todos somem de uma vez, todo mundo precisa ao mesmo tempo", diz Adriano.

Ele ainda não consegue estudar o prejuízo total com a queda de energia, pois teme que geladeiras ou aparelhos de ar condicionado possam ter queimado com o blecaute. Para não perder mais dinheiro, ele precisa que a energia seja restabelecida ainda neste sábado.

"A partir de agora, tudo que sobrar eu vou perder se a luz não voltar."

Na avenida Cotovia, o porteiro Anísio Ribeiro, 55, abria e fechava manualmente o portão de ferro para carros do edifício onde trabalha há mais de uma década. Ele conta que nunca viu a luz faltar por tanto tempo no bairro.

"Uma moradora disse que ouviu o disjuntor do poste na rua estourar, fazendo um clarão enorme. Se for isso mesmo, acho que é mais de um dia para consertar", diz Ribeiro. O edifício de dez andares está sem o serviço do elevador há ao menos 15 horas, ainda segundo ele.

"Os moradores ainda não começaram a depender da entrega por aplicativo para comer aqui, mas se demorar muito [para a energia voltar] vai ser o único jeito, coitados dos moradores que moram nos últimos andares", diz.

A partir das 11h, alguns pontos de Moema que passaram a noite sem luz começaram a ter a energia restabelecida.

Alguns comércios onde a energia voltou retomaram as atividades, atraindo moradores que recarregavam a bateria dos celulares.

No Campo Limpo, também na zona sul, casas perderam as telhas e foram danificadas por objetos levados pelo vento. Na manhã deste sábado, o sinal de telefonia celular estava instável no bairro. Com parte dos fios de eletricidade ainda rompidos, por árvores que ainda não haviam sido retiradas, o fornecimento de luz era intermitente.

O telhado da casa da professora Monica Aparecida da Cruz Lima, 48, foi atingido por uma tela de vidro que foi carregada pela ventania. Ela passou horas limpando os estilhaços no quintal, o suficiente para formar duas pilhas de entulho.

Telhas em frente à casa da professora Monica Aparecida da Cruz Lima, 48, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, neste sábado (4) após forte chuva
Telhas em frente à casa da professora Monica Aparecida da Cruz Lima, 48, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo - Tulio Kruse/Folhapress

"Por sorte, eu tinha ido entregar um bolo para a minha mãe ontem [sexta] à tarde e não tinha ninguém em casa quando aconteceu. Ainda bem, se não eu teria levado um susto, ou poderia ter atingido meu carro na garagem", diz Lima.

Vários quarteirões do Campo Limpo ficaram cerca de 17 horas sem energia. Na rua Professor Leitão da Cunha, que concentra estabelecimentos comerciais, a luz foi parcialmente restabelecida por volta das 9h.

Pouco antes das 12h, uma caixa de luz estourou na rua Francisco Jerônimo, onde uma árvore caída bloqueia totalmente a passagem de veículos e atinge a fiação elétrica. Casas que tiveram energia elétrica por menos de três horas nessa rua voltaram a ficar no escuro.

A falta de energia prejudicou comércios não apenas por perdas de estoque, mas principalmente pela falha nos sistemas de pagamento por cartão. Em uma padaria no Campo Limpo, o único modo de pagamento era dinheiro em espécie nesta manhã.

"Tudo mundo aqui teve prejuízo por causa disso. Aqui, a gente insistiu para ao menos abrir as portas, mas muita gente veio e acabou não levando nada porque as maquininhas passaram a manhã toda sem sinal", conta o gerente da padaria, Gilberto Malaquias Noronha, 37. "A maior parte dos comerciais aqui ficou de porta fechada."

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