Descrição de chapéu Obituário Beatriz Alves de Edmir Padovan (1927 - 2023)

Mortes: Criou método de terapia reconhecido e aplicado no mundo

Beatriz Padovan foi mestra reverenciada e ensinava seguindo a natureza

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São Paulo

"O possível a gente faz agora, o impossível deixa para amanhã." A frase já era esperada quando Beatriz Padovan se preparava para falar. Esse era um dos ditos clássicos da mestra, como era chamada por alunos, familiares, amigos e pacientes.

A reverência era justificada pelo alcance da técnica desenvolvida por ela ao longo de sua carreira como pedagoga e fonoaudióloga. O chamado Método Padovan ganhou reconhecimento e é ensinado e aplicado em 14 países, segundo a organização homônima.

Aprimorada por anos, a técnica é uma abordagem terapêutica para habilitar ou reabilitar funções do sistema nervoso central. Nos anos 1960, Beatriz, que trabalhava como pedagoga em São Paulo, percebeu dificuldades de aprendizado em alguns alunos e foi buscar respostas.

beatriz é mulher branca, idosa, tem cabelos castanho-escuros, sorri para foto sentada em um tronco de árvore, atrás dela há árvores e gramado, usa casaco azul
Beatriz Padovan (1927-2023) - Divulgação/Método Padovan

Num período de seis anos que a filha Sônia Padovan, 65, chama de trajetória incrível, Beatriz fez faculdade de fonoaudiologia na Escola Paulista de Medicina, mas continuou inquieta. Foi aí que começou a desenvolver seu método, lançado em 1972, aprofundando os estudos sobre o desenvolvimento neurológico, psicológico e motor.

Trabalhar no Brasil com reorganização neurofuncional, diz Sônia, não foi fácil no começo. "Era algo fora do script, foi mal visto, e logo ela começou a receber convites para dar aulas fora do país."

A formação de diferentes profissionais fez Beatriz viajar para várias partes do mundo, numa rotina que duraria até os seus 88 anos. Mas antes disso, a filha Sônia, neurologista, também entrou para o time. "É um sucesso, faço de 20 a 25 formações por ano, dou aula em 14 países. Quando isso termina, as pessoas aplicam. E veio tudo da minha mãe."

Generosa, ensinava de acordo com as regras que aprendia na natureza, afirma a filha. "Com o falecimento dela, apareceu muita coisa das frases que o povo gostava, como 'aquele que segue o que a sábia natureza nos mostra e ensina tem menos chance de errar'."

Beatriz nasceu em 1927, no sertão da Bahia, e passou o fim da infância e a adolescência internada em Campos do Jordão, no interior paulista, para tratar a tuberculose. Recuperada, formou-se no antigo Curso Normal, de formação professores. Daí, fez história, segundo a filha, motivada pela dedicação ao trabalho e aos estudos.

Morreu em São Paulo em 2 de dezembro, aos 96 anos, de causas naturais. Deixa as filhas Sônia e Silvia Padovan, 64, o marido, Arnaldo Padovan, 95, quatro netas e uma multidão de alunos espalhados pelo mundo.

"Beatriz Padovan viverá nos corações dos terapeutas e das pessoas que tocou, emocionou e inspirou com seu carisma, seu grande conhecimento e sua alegria de viver", diz a nota de uma associação alemã.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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