Descrição de chapéu Obituário Lauro Pequeno de Araújo (1952 - 2023)

Mortes: Matemático da Bola, era amante do esporte e da informação

Lauro Araújo era craque em correr para ajudar os outros, na hora que fosse preciso

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Marcelo Dunlop
São Paulo

Filho de pianista que tocava com Almirante nas rádios, o jornalista Lauro Araújo não seguiu os passos do pai Lauro Araújo na música. Optou pelo esporte e pela informação.

Praticou tênis, futebol de praia e cooper com a turma do Mirante, seu prédio em Copacabana, no Rio de Janeiro. Gostava de pedalar, nadar, pegar jacaré e chegou até a correr maratona.

Mas era craque mesmo em outra modalidade. Correr para ajudar os outros, na hora que fosse preciso.

Sua vida mudou para sempre por causa do esporte. Foi durante uma partidinha de frescobol que Lauro viu Lia, a caminho do mar. Era 1969. Em Copacabana, claro.

Lauro Pequeno de Araujo (1952 - 2023)
Lauro Pequeno de Araújo (1952 - 2023) - Arquivo pessoal

Ele não saía do seu bairro. Saiu apenas quando marcou aquele primeiro cineminha com Lia. Foram ver um filme na praça Saens Peña. Atleta nato, ele correu e saltou do ônibus 455, Copacabana-Méier. E foram felizes para sempre. Tiveram dois filhos, Vinicius e Bernardo.

Quando se tornou diretor da Globo, Lauro conheceu meio mundo. Viu Fidel Castro na emissora, cruzou com Silvio Santos. Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, deu força para um novo locutor que levava jeito. Chamava-se Carlos Eduardo Galvão Bueno.

Lauro sempre ganhou o amigo sem perder a piada. Um dia, passou pelo goleirão e comentarista Raul Plassmann e fez festa. "Sabia que ando com uma foto sua na carteira?", disse. Tirou e mostrou: era uma foto com o tricolor Assis, celebrando um gol no Flamengo.

Certa vez, foi enviado para a Itália para ver uma tecnologia nova. Era o protótipo do "tira-teima", décadas antes do VAR. Incansável colecionador de números e estatísticas ligados ao esporte, Lauro era conhecido como O Matemático da Bola e procurado por meio mundo, de treinadores como Vanderlei Luxemburgo a jornalistas como Armando Nogueira.

Sem o esporte, Lauro não seria o mesmo. E o esporte não seria o mesmo sem Lauro.

Adorava chamar Copacabana de Broadway. Sem perceber, tornou-se mais um astro do lugar. Quando pegava um táxi para Santa Clara, era reconhecido pelos motoristas. "Essa voz… Você é o matemático que fala na rádio Tupi!"

Seu maior ídolo, porém, era do vôlei. E de Copacabana. Era seu vizinho, o mítico treinador Bené, no Fluminense. Depois de ensinar Lauro, Bené virou treinador de seus filhos, Vinicius e Berê.

O mistério é como Lauro aprendeu a jogar. Afinal, era expulso do treino quase toda semana por fazer a maior bagunça. Bené berrava: "Lauro! Pro banho!".

No dia 2 de novembro, Lauro morreu após uma batalha contra o câncer, com tumores espalhados pelo cérebro. Os amigos o homenagearam com uma coroa de flores. Estava escrito: "O melhor fundo de quadra do vôlei master". Era de fato o rei das manchetes, dos saques e das defesas. Não deixava a bola cair.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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