Nascida em Entre Ríos, na Argentina, em 10 de setembro de 1926, Leonor Lastenia Mayer Villanueva Troster morou depois em Mendoza e se mudou ainda jovem para Buenos Aires com a família, onde se graduou em direito na mesma época em que conheceu o futuro marido, Joseph Ignacio Troster.
Da união, nasceram quatro filhos, três deles na capital argentina, antes de decidirem se mudar para o Brasil, quando ela tinha 30 anos. A família morou em São Paulo, Piracaia (SP) e Inocência (MS) antes de se fixar nos últimos 20 anos em Cotia, na região metropolitana de São Paulo.
Em todas essas mudanças, Leonor demonstrou uma de suas grandes virtudes: a facilidade de adaptação, como destaca o filho Roberto Luis Troster: "Apesar de ser gringa e não falar português muito bem, ela sabia ouvir e se adaptar. Em todos os lugares onde morou ela soube se adaptar."
Apesar de formada em direito, ela nunca trabalhou na área. Mas usava seu conhecimento para ajudar a família no que pudesse. "Ela tinha um sentido de justiça aguçado. Era uma pessoa generosa e ajudava muito a muitos", conta Roberto.
Ela sempre incentivou os filhos a estudar. Tanto que os quatro também fizeram faculdade: Roberto se tornou economista, Eduardo, médico, Patrícia, arquiteta, e a caçula Cláudia, que nasceu em Piracaia, fez matemática.
Uma de suas paixões era pela natureza. Sua casa em Cotia vivia cheia de plantas e ela sempre ganhava mudas de presente, aumentando seu jardim particular. Esse amor acabou influenciando os filhos.
No dia a dia, Leonor gostava de passear, fosse de carro, de bicicleta, a cavalo, de avião ou de navio. Sempre que tinha uma oportunidade, ela aproveitava.
E o que ela nunca rejeitava era um asado de molleja, um churrasco típico argentino feito com o timo do boi, uma glândula responsável pelo sistema imunológico do animal.
"A molleja é uma glândula da vaca que aqui no Brasil é jogada fora, mas na Argentina é supersofisticada, muito apreciada. Eu já tinha comprado para comer com ela, mas não deu tempo", conta Roberto.
Leonor também gostava de escutar músicas e de poesias. Nos últimos anos, apesar de estar com problemas de memória e esquecer muitas coisas, ela costumava declamar poesias inteiras, lembra o filho.
"Eduardo definiu bem como ela estava: era como uma vela que estava se apagando. Aos poucos, foi perdendo a mobilidade e nos últimos meses só ficava na cama, não conseguia levantar mais", conta Roberto, destacando que a mãe era muito forte e sempre enfrentava os problemas. "Ela não era de reclamar."
Leonor morreu no dia 31 de outubro, aos 97 anos. Viúva, ela deixa 4 filhos, 10 netos e 5 bisnetos.
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