Descrição de chapéu Obituário Rubens Rodrigues Torres Filho (1942 - 2023)

Mortes: Poeta e filósofo, foi pai tranquilo e viveu de forma leve

Rubens Rodrigues Torres Filho escreveu mais de 20 livros de poesia ao longo de sua carreira literária

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São Paulo

"Acabou agora, Rubens?", perguntava Celia Regina quando ajudava o marido, professor, poeta e filósofo Rubens Rodrigues Torres Filho em seus trabalhos noite adentro. Ele respondia: "da capo". Ou seja, do começo, novamente. "Não era algo ruim, mas essa busca pela perfeição era algo muito delicado e as obras são o resultado disso."

Apesar da seriedade em relação ao trabalho, Celia define o companheiro como uma pessoa tranquila, serena e que criou os "filhos com uma calma peculiar". "Ele era bem-humorado e costumava dizer que livro não é presente porque poderia comprar um a qualquer hora."

Rubens lecionou por quase 30 anos na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), da USP. "Ele foi professor a vida inteira, mas era um poeta acima de tudo. Na vida, a importância era a poesia. Ele sabia dar leveza para isso", diz Celia.

O poeta e professor de filosofia, Rubens Rodrigues Torres Filho, que morreu nesta semana aos 81 anos
Rubens Rodrigues Torres Filho (1942 - 2023) - Rogério Assis - 3.dez.1997/Folhapress

Nascido em Botucatu, no interior de São Paulo, ele se formou em filosofia pela USP em 1962. Na universidade, concluiu seu doutorado e lecionou no curso de História da Filosofia Moderna e Filosofia Clássica Alemã.

Ao todo, Rubens escreveu mais de 20 livros de poesia ao longo de sua carreira literária. A primeira obra foi "Investigação do Olhar" (1963) e, em 1981, ele ganhou o prêmio Jabuti pela obra "O Vôo Circunflexo". Também traduziu obras clássicas de filosofia de nomes como Johann Gottlieb Fichte, Immanuel Kant e Friedrich Nietzsche, além de textos de Walter Benjamin e Novalis.

A mulher define o companheiro como alguém que sempre teve a ironia muito fina, bom humor e perspicácia. Também se dedicou muito aos filhos, que sempre estiveram ao seu lado.

Alguns amigos definem Rubens como um homem tímido, mas Celia diz que esse era seu jeito, que às vezes ele gaguejava e fumava bastante. "Ele foi de um grupo que atravessou diversas dificuldades do Brasil, como ditadura militar, e tiveram bons momentos juntos", lembra Celia, citando que entre os amigos esteve a escritora e filósofa Marilena Chauí.

Seu refúgio foi Ilhabela (no litoral de São Paulo), onde teve uma casinha durante anos. Por lá, ele acordava sempre muito tarde, ia para a praia com um jornal embaixo do braço. "Nunca foi esportista, sempre foi um intelectual típico", ri sua companheira ao lembrar.

Rubens estava sempre ouvindo música, Celia lembra que ele gostava dos Beatles, mas não descartava outros estilos, como um bom jazz. Também gostava de uma boa cachacinha, ler poesias em voz alta e estava sempre rodeado de amigos.

Rubens morreu no dia 12 de dezembro, aos 81 anos, em decorrência de complicações de um aneurisma cerebral. Ele deixa a mulher e os três filhos: Joca, Carol e Marcela.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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