Descrição de chapéu Censo 2022 Quilombos do Brasil

Serrano do Maranhão (MA) é a cidade mais preta do Brasil, e Bahia é o estado

Dos 10,2 mil habitantes, 5.687 se declaram pretos no município com forte presença quilombola

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São Paulo

O município maranhense de Serrano do Maranhão (a 187 km de São Luís) é o mais preto do Brasil, segundo indicadores do Censo Demográfico 2022 divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No ano passado, 58,74% da população do município se declarou preta —o número equivale a 5.993 pessoas de um total de 10.202 habitantes.

Vista do Porto do Sindim, zona rural do município de Serrano do Maranhão, que tem a maior população preta do Brasil
Vista do Porto do Sindim, zona rural do município de Serrano do Maranhão, que tem a maior população preta do Brasil - Reprodução Instagram/@serranodomanhao.oficial

Trata-se do maior porcentual de população negra em uma cidade do Brasil. Em todo o país, a população preta representa 10,2%, aponta o mapeamento.

O número representa um salto da população preta no território brasileiro na última década. Em 2010, o Censo Demográfico apontava 7,2%.

Uma das explicações é que Serrano do Maranhão é a quarta maior cidade do Brasil em população quilombola. Lá, eles representam 55,74% dos habitantes, ou seja, 5.687 pessoas.

O PIB (Produto Interno Bruto) da cidade apresentou um salto entre 2006 e 2021 e registrou o 7º melhor desempenho da região.

A economia da cidade gira em torno da agricultura e pesca, diz a prefeita Val Cunha (PL), que define que a cidade é dividida em quilombos e povoados.

Por lá, segundo o panorama econômico do portal Caravela, as principais atividades remuneradas são ligadas a empregos de administração pública em geral, fabricação de artefatos de cerâmica e barro cozido para uso na construção.

Além disso, o Maranhão é o estado com a segunda maior população quilombola do Brasil, segundo dados do Censo que foram divulgados em julho. O estado possui 269.074 pessoas que se declaram quilombolas e vivem em 32 municípios.

Ao todo, o Brasil é composto por 1,3 milhão de quilombolas. Os quilombos surgiram no período colonial e são um símbolo de resistência da população negra contra os horrores da escravidão. As comunidades emergiram com a fuga de pessoas escravizadas. Os primeiros registros de quilombos remontam à década de 1570.

Localizado no norte do Maranhão, Serrano conta com uma população parda de 38,71%. Apenas 2,7% dos habitantes são brancos, amarelos representam 0,03%, e indígenas, 0,1%.

Em comparação com o Censo Demográfico de 2010, a população diminuiu. Na época, foram contabilizadas 10.940 pessoas.

Na pequena cidade, os homens representam uma ligeira maioria (52%), e a idade mediana é de 29 anos. Há 34,71 pessoas com mais de 65 anos para cada 100 com até 14 anos.

Ainda de acordo com o IBGE, a parcela etária mais presente é de 10 a 14 anos para homens (5,23%) e 15 a 19 anos (4,72%).

O território de Serrano só se tornou uma cidade em 1994. Antes disso, os 1.165 km² pertenciam ao município próximo chamado Cururupu. A grande parte da população vive na zona rural –o salário médio mensal dos trabalhadores formais é 2,3 salários mínimos e 59% da população vive com meio salário mínimo.

O Censo aponta que apenas uma pequena parte da população é considerada ocupada, que representa 5,36%, ou seja, 554 pessoas.

BAHIA LIDERA EM POPULAÇÃO PRETA

Em números absolutos, Salvador (BA) é a terceira cidade com a maior população preta do país. Ao todo, 825.509 se autodeclaram pretos. O estado baiano lidera a população preta no Brasil —por lá, 22,4% da população se autodeclara preta, e 57,3% é parda.

De acordo com o IBGE, todos os nove municípios que têm predominância de pessoas pretas estão no Nordeste, sendo que oito são localizados na Bahia (Antônio Cardoso, Cachoeira, Conceição da Feira, Ouriçangas, Pedrão, Santo Amaro, São Francisco do Conde e São Gonçalo dos Campos) e um no Maranhão (Serrano do Maranhão).

No último Censo do IBGE, que foi realizado em 2010, a Bahia também era o estado mais preto, com 17% da população que se autodeclarou preta. Agora, houve um aumento para 22,4%.

Para a pesquisa, o IBGE levou em conta na pesquisa o autorreconhecimento. Cerca de 5 milhões de pessoas entraram no país e foram escravizadas, ao longo de mais de 300 anos do regime, que só terminou em 1888.

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