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Duque de Caxias (RJ) segue debaixo d'água 29 horas após temporal

Inea, órgão estadual, afirma que rio Iguaçu transbordou; 11 pessoas morreram no RJ, e uma mulher está desaparecida

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Rio de Janeiro

A chuva que atingiu o Rio de Janeiro no fim de semana parou por volta das 6h30 deste domingo (14), mas o nível de alagamento continua alto na manhã desta segunda-feira (15) em diversas regiões de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Mais de 29 horas após o temporal que devastou a cidade, a água chegava na altura do peito de quem se arriscava a sair de casa no bairro Amapá.

Ao menos outros nove bairros foram afetados pelas chuvas, que atingiu recorde histórico, de acordo com a prefeitura. O temporal deixou dois mortos na cidade —11 mortes foram registradas no estado, e na manhã desta segunda uma mulher continuava desaparecida.

Bairro Pilar, em Duque de Caxias (RJ), alagado nesta segunda (15) - Eduardo Anizelli/Folhapress

O município de Duque de Caxias disse que enviou, na manhã desta segunda, oito máquinas para o bairro Amapá e cinco para São Bento para tentar acelerar o escoamento da água nessas regiões que sofrem com alagamentos.

Apesar dos esforços, o socorro não chegou para todos os moradores, que tiveram que contar com a solidariedade de vizinhos. Por volta das 9h30 desta segunda, imagens feitas pelo helicóptero da TV Globo flagraram um homem com uma charrete resgatando uma idosa acamada que estava dentro de uma casa inundada.

Algumas pessoas subiram nos telhados e acenavam para os helicópteros, pedindo ajuda. Outras usam barcos e caiaques para circular pelo bairro.

Muitos imóveis estão alagados, e moradores ainda esperam o nível da água baixar para contar os prejuízos. Há ao menos 150 desabrigados ou desalojados no município, e uma escola pública foi transformada em abrigo para famílias que tiveram que deixar suas casas neste fim de semana, segundo a prefeitura.

Ainda de acordo com o município, Caxias recebeu, nas últimas 24 horas, a maior concentração de chuva da sua história, alcançando um índice pluviométrico acima de 200 milímetros.

Foram afetadas principalmente as localidades de Amapá, Vila Maria Helena, Xerém (Beira Rio), Pilar, Campos Elíseos, Figueira, Santa Cruz da Serra, Vila Urussai, Lagunas e Dourados, "que são regiões localizadas próximo a rios e canais, cujo escoamento das águas está sendo prejudicado pela maré alta", segundo a prefeitura.

No bairro Amapá, moradores contaram que a água começou a tomar a região invadindo ruas e casas a partir das 13h deste domingo. O bairro fica no quarto distrito da cidade, na divisa com Belford Roxo.

De acordo com o Inea (Instituto Estadual do Ambiente), órgão responsável pela gestão de recursos hídricos, agentes estão em vários pontos da Baixada Fluminense, com máquinas, verificando por que a água ainda não baixou. Segundo o órgão, devido ao aumento do nível do rio, a água passou por cima das comportas.

"Dada a situação da cheia do rio Iguaçu, as bombas do canal do Outeiro não dão vazão suficiente da água, uma vez que a mesma é escoada para o mar, que também se encontra em nível alto", disse, em nota.

Às 11h desta segunda, a Concer desbloqueou parte da BR-040 (rodovia Washington Luís), na altura da Reduc, em Duque de Caxias, no sentido Rio. Três faixas voltaram a operar, e uma seguia interditada.

Por volta das 6h50, o engarrafamento chegava a 5 km no sentido capital (não havia retenção no sentindo Juiz de Fora), e no domingo motoristas relataram ter ficado mais de dez horas no trânsito. Agentes chegaram a improvisar uma pista reversível na pista central sentido Juiz de Fora e muretas foram quebradas para permitir o retorno de alguns veículos.

Nesta segunda, a concessionária disse que estuda medidas para minimizar os efeitos de eventos climáticos severos.

SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA NO RIO

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional reconheceu nesta segunda-feira a situação de emergência na cidade do Rio de Janeiro por causa das fortes chuvas do fim de semana. A decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

"Trabalhamos durante todo o fim de semana para reconhecer sumariamente a situação de emergência e, assim, vamos poder seguir com o processo de liberação de recursos para as ações de defesa civil", afirmou o ministro Waldez Góes.

De acordo com o governo federal, o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, desembarca no Rio de Janeiro ainda nesta segunda para coordenar as ações de resposta à crise, e os repasses serão liberados assim que os planos de trabalho forem apresentados pela prefeitura e avaliados pela equipe técnica da Defesa Civil Nacional.

Desde domingo, cidades da região metropolitana do Rio sofrem o efeito de fortes chuvas. Há previsão de mais chuva para esta segunda.

No capital, o metrô teve funcionamento restabelecido depois que o temporal afetou a operação no domingo. Por causa dos estragos da chuva na cidade, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), chegou a pedir que os moradores não deixassem suas casas.

O hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, na zona norte, teve o subsolo inundado e ficou sem energia. Ao menos nove unidades de atenção primária atingidas pelas chuvas tiveram consultas suspensas pelos próximos dias.

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