Descrição de chapéu Obituário Claudia Fonseca Dias Pinto (1951 - 2023)

Mortes: Era chamada de 'Google' pelos seus alunos de história

Além do conhecimento enciclopédico, professora gostava de ouvir MPB e de ler romances policiais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Os alunos da escola pública Procopio Ferreira, na Vila Ipê, em Campinas (a 93 km de São Paulo), costumavam chamar de "Google" a professora Claudia Fonseca Dias Pinto. Com facilidade para memorizar feitos, acontecimentos e datas, a educadora tinha o conhecimento de uma enciclopédia.

Filha do meio de três irmãos, desde a infância era uma menina curiosa em saber das coisas. Tanto que cursou faculdade de história em Santos, no litoral paulista, onde morava com a família.

Idosa com cabelos loiros, sentada, faz sinal de positivo com o polegar
A professora de história Claudia Fonseca Dias Pinto morreu no último dia 27 de dezembro, aos 72 anos, em Campinas (SP) - Arquivo pessoal

Na cidade da Baixada Santista se casou duas vezes. Na segunda, com o dono de uma loja de discos no badalado bairro do Gonzaga. Largou a carreira de docente para ajudar o marido.

Trabalhou com ele no próspero comércio musical, onde ficava diante dos LPs de seus ídolos Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento e, principalmente, Ivan Lins.

O casamento, entretanto, terminou. Em 2001, com seu caçula Thiago, ainda criança –a filha mais velha, Gabriela, morreu aos 12 anos—, Claudia decidiu ficar com a irmã, a jornalista Katia Fonseca, que havia se mudado para Campinas dez anos antes.

Não demorou muito para voltar a ficar diante de uma lousa. Um ano depois de sua chegada à cidade do interior paulista, passou em um concurso público do governo estadual e lecionou até sua aposentadoria, em julho do ano passado.

"Era inteligente e sempre teve muita cultura. Sabia qualquer coisa de história e falava por horas se deixassem", afirma Katia.

Filha de dona de conservatório, era pianista e cantou no coral do maestro Paulo Rowlands, de Campinas.

Apaixonada por literatura, principalmente policial —gostava de Agatha Christie—, lia pelo menos dez livros por mês de variados autores e temas.

Não trocava a leitura por uma série de TV, mas assistiu dezenas de vezes ao clássico "Auto da Compadecida", filme baseado na peça de mesmo nome, de Ariano Suassuna.

Sua viagem inesquecível foi a Portugal, por razões óbvias: ali via na sua frente a história que ensinava na sala de aula.

Não era adepta das redes sociais. Entretanto, fazia publicações de esquerda e em prol da educação.

Defensora dos animais, chegou a ter nove gatos com a irmã e o filho —os três moraram juntos desde aquele início dos anos 2000.

Atualmente, a residência tem três bichanos e dois cães vira-latas, Benjor e Miúcha, que andam quietos desde a internação da tutora, em outubro passado, por problemas renais.

De volta para casa depois de mais de 40 dias no hospital, a professora não saiu para ir à sessão de hemodiálise do último dia 27 de dezembro. Naquele dia foi encontrada caída, vítima de parada cardíaca.

Claudia Fonseca Dias Pinto morreu aos 72 anos. Além da irmã, do filho e dos bichos, deixou conhecimento para gerações de ex-alunos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.