Descrição de chapéu Vida Pública

Nas férias, servidores se desdobram como 'síndico' do Pão de Açúcar, em bibliotecas e no mar

No Rio e em São Paulo, profissionais do setor trabalham para fornecer entretenimento, segurança e experiência satisfatória ao público

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Mulher branca, de cabelo preto e vestindo um avental escuro com a figura de um porquinho, está sentada num cenário que é um livro aberto e personagens coloridos do 'Sítio do Picapau Amarelo' e uma casa

A servidora Maria de Fátima Franca Baptista no cenário do 'Sítio do Picapau Amarelo', obra escrita por Monteiro Lobato, que dá nome à biblioteca Zanone Fraissat/Folhapress

Rio de Janeiro e São Paulo

O Rio de Janeiro, uma das cidades mais visitadas do país, recebe fluxo intenso de turistas no verão. Nesse período, servidores públicos se espalham por praias, parques e monumentos para ajudar cariocas e visitantes a terem uma experiência tranquila e segura.

Por todo o país, milhares de profissionais públicos trabalham dobrado neste período com o aumento da demanda de pessoas em equipamentos abertos a todos. Da biblioteca à praia, servidores devem estar a postos para auxiliar crianças, turistas e demais usuários.

Um deles é Ricardo Fernandes, 64, que trabalha na Secretaria Municipal de Turismo do Rio há dois anos. Ele é gestor turístico, função nova na prefeitura, um tipo de "síndico" que atua nos pontos mais visitados da capital fluminense.

Homem branco sorridente, de colete da Prefeitura do Rio de Janeiro, sorri
Ricardo Fernandes, 64, inspeciona as pedras da calçada da Praia Vermelha, na Urca, zona sul do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/ Folhapress

Esses funcionários com novos cargos identificam problemas de infraestrutura e acessibilidade a serem resolvidos pela prefeitura, que lançou no ano passado projeto de gestão de espaços turísticos.

O serviço inédito busca solucionar problemas como bancos quebrados, buracos no asfalto e falta de iluminação nas ruas próximas a pontos turísticos.

Com o período de férias em andamento, Fernandes afirma que viu um número maior de pessoas circulando nos arredores do Pão de Açúcar e da estação de trem do Corcovado, por onde o Cristo Redentor é acessado.

No calor, esses pontos turísticos são mais procurados pelos visitantes, que buscam os servidores com colete da prefeitura tanto para reportar problemas do local quanto para pedir informações sobre como circular na área daquelas atrações –mesmo não sendo essa a função oficial deles.

O preparo para a alta temporada acontece desde junho do ano passado, quando esse serviço de gestão de espaços turísticos começou. O objetivo era que a cidade estivesse pronta para o verão.

"Com a experiência que adquirimos, o fluxo [de trabalho] segue normalmente, por mais que o público seja grande", diz Fernandes.

Em outro outro ponto da cidade, enquanto frequentadores aproveitam o sol e o mar, os bombeiros que trabalham como guarda-vidas estão atentos a comportamentos perigosos dos banhistas e a postos para agir em casos de emergência.

A cabo Naiana Freire, 35, atua nessa função na praia da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, há oito anos. Para ela, é comum que as pessoas se coloquem em situação de perigo, apesar das bandeiras vermelhas postas em frente ao mar sinalizarem quando há risco eminente de entrar.

"Nós sinalizamos a praia, estamos atento nos postos, usamos o apito para pedir para o banhista sair de onde ele não deve ficar", afirma. "Por isso, o nome é guarda-vidas. Também vamos salvar, mas nossa função é prevenir ao máximo um acidente."

Naiana é uma mulher negra que, na imagem, veste um boné vermelho e óculos de sol escuros. Ela usa uma blusa vermelha do corpo de bomeiros e está ao lado de uma prancha vermelha grande, também dos bombeiros.
A cabo Naiana Freire atua como guarda-vidas na praia da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro - Arquivo pessoal

Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, os guarda-vidas fizeram 2.404 salvamentos no estado do Rio na primeira semana deste ano.

No verão, com as praias ainda mais cheias, Naiana e outros bombeiros costumam descer dos postos de guarda-vidas para acompanhar de perto os banhistas. Além da prevenção e do cuidado com afogados, eles assumem ainda mais responsabilidades, seja para cuidar de crianças que se perdem dos pais até prestar os primeiros socorros em caso de acidente.

Mas não são somente praia ou pontos turísticos famosos que atraem mais pessoas a espaços públicos. Quando pais ou professores chegam com crianças e adolescentes à biblioteca Monteiro Lobato, no centro de São Paulo, já ouvem da servidora Maria de Fátima França Baptista, 57, que eles precisam tirar os sapatos para entrar na sala de leitura da primeira infância.

O cuidado faz sentido. "Recebemos muitos bebês aqui que engatinham pelo chão, então é preciso que ele esteja sempre muito limpo", afirma Maria de Fátima.

O espaço cuidado é parte de um acervo variado e colorido, que também contém bichos de pelúcia e livros sensoriais. A biblioteca também conta com obras clássicas para leitura, além de outras atividades culturais para diversas idades.

Em meses normais, alunos de escolas geralmente visitam o espaço por meio de excursões escolares. Nas férias, são os moradores da região que lotam a biblioteca.

Mulher branca, de cabelo preto e vestindo um avental escuro sentada em cima de uma mesa pequena. Atrás dela, há uma estante com livros coloridos, com bichos de pelúcia colocados em cima
Maria de Fátima Franca Baptista na sala da primeira infância da biblioteca Monteiro Lobato - Zanone Fraissat/Folhapress

Nesse tour lúdico, Maria de Fátima leva os pequenos leitores a uma sala onde há um livro gigante que abriga a turma do "Sítio do Picapau Amarelo", com personagens como Emília, Cuca e Tia Nastácia, criados pelo autor que dá nome à biblioteca e estão ali em tamanho natural.

Maria de Fátima também mostra uma exposição na entrada que exibe itens originais de Monteiro Lobato, como roupas, fotografias originais, um quadro pintado por ele e até um pedaço de sua costela.

"Esse espaço tem uma riqueza cultural enorme, dá muito orgulho trabalhar num lugar assim. Tenho prazer em receber as pessoas e mostrar atrações tão interessantes", afirma a servidora, que é oficial assistente administrativo de gestão.

A biblioteca fica a poucos metros da Santa Casa de Misericórdia, a três minutos de caminhada. Por essa razão, o espaço de leitura acaba sendo utilizado também por pequenos pacientes do hospital paulistano para aguardar um exame ou para se distrair do tratamento por algum tempo.

Nas férias, a biblioteca recebe um aumento significativo de crianças de diferentes lugares, como Campo de Jordão, Assis e Itapetininga, cidades do interior de São Paulo, mas também de muitos moradores da redondeza.

"A sala da primeira infância é a mais visitada, e as crianças desfrutam de atividades, como contar histórias para bichinhos de pelúcia e explorar o acervo infantil", afirma Fátima.

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