Descrição de chapéu Governo Tarcísio violência

'É combate ao crime organizado', diz Tarcísio em Milão sobre Operação Escudo

Segundo governador paulista, ações da polícia após morte de soldado na Baixada Santista estão sendo guiadas por trabalho de inteligência

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Milão

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu nesta terça (6) a atuação da Polícia Militar na nova fase da Operação Escudo, colocada em prática após a morte do soldado Samuel Cosmo, na última sexta-feira (2). Nos dias seguintes, sete pessoas foram mortas pela ação da polícia, que afirma ter reagido a tiros.

"O que está acontecendo ali é o combate ao crime organizado. Existe um crime organizado muito instalado na Baixada Santista, o que ficou claro na forma como o soldado Cosmo morreu", disse o governador à Folha em Milão, onde participou de encontros com investidores para apresentar projetos de infraestrutura.

Homens de ternos sentados em mesa de reunião, com telas de apresentação ao fundo
O governador paulista Tarcísio de Freitas (falado, à dir.) durante reunião com empresários em Milão, nesta terça (6) - Governo de SP/Divulgação

Cosmo, 35, foi morto durante um patrulhamento em uma favela de palafitas na periferia de Santos. "Ele entrou numa viela e foi atingido à queima-roupa. Então, é gente que não está brincando, é gente cruel, é gente que está servindo a uma organização criminosa."

Segundo o governador, as ações da polícia estão sendo guiadas por trabalho de inteligência. "A polícia tem agido com muito profissionalismo. Tem agido com muita serenidade. Não tem ninguém lá movido por sentimento disso ou daquilo. O trabalho tem sido pautado por coleta de informação, e os policiais estão atuando com muita precisão", afirmou.

Tarcísio fica até sexta-feira (9) na Europa, onde apresenta um cardápio de 20 projetos para possíveis parcerias com empresas. A estimativa do governo paulista é realizar 44 leilões até 2026 e atrair mais de R$ 220 bilhões em investimentos. Além de Milão, o governador e sua equipe tiveram encontros em Madri e ficam três dias em Paris.

Segundo o governo paulista, ao menos sete pessoas morreram nesta nova fase da Operação Escudo. A ação é colocada em prática logo após ataques a policiais, como uma forma de restabelecer a ordem. Desta vez, logo na sequência da morte do soldado Cosmo, policiais militares da capital foram enviados para cidades da Baixada Santista.

As mortes ocorreram entre a madrugada de sábado (3) e a noite de domingo (4) nas cidades de Santos e São Vicente. Os confrontos estão sendo anunciados pelo secretário da Segurança, Guilherme Derrite, em suas redes sociais.

Segundo os relatos dos históricos dos boletins de ocorrência encaminhados pela SSP, os mortos reagiram a abordagens de policiais militares. Reportagem da Folha mostrou, porém, que entre as vítimas está um catador de lixo que morava havia cerca de dez anos na favela de Sambaiatuba, em São Vicente.

Vizinhos contam que escutaram os gritos de José Marcos Nunes da Silva, 45, implorando pela vida momentos antes de ser alvejado.

Em nota, a Ouvidoria da Polícia declarou estar com seus canais de comunicação à disposição da população para denúncias de possíveis irregularidades praticadas por policiais. O órgão solicitou à Secretaria da Segurança Pública cópia dos boletins de ocorrência e imagens das câmeras utilizadas pelos policiais.

"Operações para coibir o crime são importantes e necessárias, e, se formuladas com legalidade, profissionalismo e tecnologia, preservam vidas, tanto de policiais quanto de civis, como demonstram estudos recentes. Por outro lado, respostas acaloradas com tons de vingança em nada contribuem para a sensação de aumento de segurança, antes o seu contrário, com prejuízos e perdas irreparáveis para todos", diz trecho do comunicado.

Diante da ausência de informações oficiais sobre os mortos na operação, o Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) e o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) também solicitaram cópias dos boletins de ocorrência e explicações sobre as ações da PM no litoral paulista.

Procurada, a SSP respondeu ter recebido um pedido do deputado Eduardo Suplicy, por meio do Serviço de Informações ao Cidadão. "O pedido está em andamento e tem um prazo legal de 20 dias para ser respondido, que pode ser prorrogado por mais 10 se necessário", acrescentou.

Sobre as denúncias feitas contra a operação, a pasta nega excessos e afirma que "todos os casos de mortes decorrentes de intervenção policial são rigorosamente investigados, encaminhados para análise do Ministério Público e julgados pelo Poder Judiciário".

Colaborou Paulo Eduardo Dias, de São Paulo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.