Nem samba nem funk, tampouco axé. Foi o sertanejo que dominou a folia no centro do Rio de Janeiro na manhã deste sábado (3), o último antes do Carnaval, com o megabloco Chora Me Liga.
A concentração começou por volta das 7h na rua Primeiro de Março, que ficou colorida com as fantasias da multidão de foliões.
Ao anunciar o início da festa, por volta das 9h, o locutor do trio elétrico avisou ao público que o megabloco reuniria hits da chamada sofrência, uma espécie de vertente do sertanejo. As canções ficaram a cargo da dupla João Lucas e Matheus.
A carioca Carlla Rocha, 38, que diz gostar de sertanejo, aproveitou o megabloco com familiares. "Gostei muito daqui. Acho que demorou um pouco para começar, mas, para o padrão do Rio de Janeiro, até que está bom", afirmou.
A gaúcha Pamella Vergara, 29, também aproveitou a festa, encerrada por volta das 12h. Foi a primeira vez que a assistente administrativa, que mora há três anos no Rio, participou de um bloco de Carnaval.
Ela elogia o fato de que, apesar de o sertanejo ser o carro-chefe do Chora Me Liga, músicas de outros estilos também são tocadas do alto do carro de som.
"Gosto de sertanejo e amo pagode", disse. "É meu primeiro bloco na vida. Amo Carnaval, aquele da Sapucaí, mas sempre tive medo de bloco."
Vergara foi ao Chora Me Liga acompanhada pela amiga Andressa Nascimento, 25. Ela também é gaúcha e vive no Rio. "Vim pelo convite de amigos, pelo ritmo [das músicas]. Por isso tudo a gente está aqui", disse Nascimento.
Por se tratar de um megabloco, a Polícia Militar montou um esquema de segurança que incluiu pontos de bloqueio e revista nos acessos ao evento. Agentes da corporação e guardas municipais também estiveram espalhados ao longo do desfile.
Segundo a PM, não houve registros de prisões durante o megabloco. Nos pontos de revista, a polícia disse que apreendeu 11 facas e outros 26 artefatos cortantes.
'Calma, calabreso', pai de planta e Barbie aparecem em fantasias
Na parte das fantasias, até teve folião que optou por referências ao sertanejo –uma mulher, por exemplo, vestia uma placa com os dizeres "a boiadeira chegou". Porém, no geral, as roupas lembravam outros blocos de Carnaval, com muitas cores e brilho.
A influenciadora digital Natália Olliveira, 33, escolheu um episódio que virou meme nas redes sociais para fazer a sua fantasia. Ela vestia uma placa com os dizeres "calma calabreso" –expressão que viralizou após ser usada por Davi, participante do BBB 24, em uma discussão no reality show.
"Neste ano, quis uma fantasia curiosa. Com a discussão do Davi, pensei em fazer algo ligado a esse meme", relata a foliã.
Antes de chegar ao Chora Me Liga, ela foi a outro bloco no Rio, o Céu na Terra. Essa atração, que também ocorreu na manhã deste sábado, coloriu o bairro de Santa Teresa, famoso por suas ladeiras.
Neste ano, o Céu na Terra homenageou o cantor e compositor Milton Nascimento. O casal Ricardo Pantoja, 48, e Aline Pantoja, 36, aproveitou para matar a saudade do bloco.
Este é o primeiro Carnaval que os dois passam no Rio após sete anos. O casal de cariocas vivia na Alemanha antes de retornar ao Brasil.
Ricardo escolheu uma fantasia carregada de plantas. Não à toa, foi chamada de "pai de planta". "Tem os pais de pet, tem os pais de planta. É como se estivesse levando meus filhos para o Carnaval", brincou.
Aline, por sua vez, optou por uma fantasia que chamou de "Barbie Oscar". A escolha foi uma uma resposta, com uma dose de indignação, ao fato de Margot Robbie, atriz protagonista do filme "Barbie", não ter sido indicada ao Oscar.
A fantasia era composta por peças rosas e uma imagem da estatueta do prêmio. "Achei muito simbólico o fato de a Barbie não ter sido indicada, e o Ken [interpretado pelo ator Ryan Gosling], sim", afirmou Aline.
Após o período longe do Carnaval do Rio, Ricardo estranhou a grande quantidade de vendedores ambulantes nas ladeiras de Santa Teresa.
Segundo ele, em outros tempos, até era comum encontrar amigos nos blocos citando como local de referência o ponto de venda de um ambulante, já que o número de trabalhadores era menor.
Hoje, diz, isso não é mais possível. "Agora, tem vezes que você não consegue nem andar no bloco."
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.