Câmara de SP deve votar abertura de CPI que mira padre Júlio na semana que vem

São necessárias 28 assinaturas dos 55 vereadores para iniciar as apurações contra religioso que atua com a população de rua

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São Paulo

O plenário da Câmara Municipal de São Paulo deve decidir em sessão da próxima semana se abre a CPI que mira o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua.

A comissão, proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), tem como alvo organizações que atuam na região da cracolândia, com especial foco no trabalho do religioso.

O padre Júlio Lancellotti - Eduardo Knapp - 11.jan.2024/Folhapress

Nesta terça (5), durante o Colégio de Líderes, foi acordado que a decisão para instaurar a CPI deverá ser debatida na próxima terça-feira (12). A proposta poderá ser votada na própria terça na quarta (13).

Para a CPI ser instaurada são necessários 28 votos, a maioria absoluta da Casa —composta por 55 vereadores.

Entusiasta da CPI e presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil) informou que será requisitado ao Ministério Público e à Polícia Civil o acompanhamento desta CPI.

A reportagem não conseguiu contato com o padre Júlio nesta terça. Já a Arquidiocese disse que não deverá comentar o tema.

O padre é responsável pela paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca (zona leste), onde concentra o seu trabalho de assistência à população de rua. Parte da vizinhança atribui ao pároco responsabilidade pela presença de dependentes químicos, furtos, sujeira e desvalorização de imóveis comuns às cenas abertas de uso de crack. Para Nunes, esse trabalho contribui para a permanência dos assistidos em condição degradante.

Em janeiro, sete vereadores que assinaram o requerimento para abrir a investigação sobre as ONGs pediram que seu apoio fosse retirado, sob alegação de que o documento não fazia nenhuma menção ao religioso.

No mesmo mês, a Arquidiocese de São Paulo recebeu denúncia do presidente da Câmara que tinha como base um vídeo que retrata um homem se masturbando. Foi a segunda vez que o material, sem autenticidade comprovada, é utilizado. Em 2020, o então candidato à prefeitura Arthur do Val, o Mamãe Falei, fez denúncia idêntica à Igreja Católica, que não encontrou indícios de crime e, na ocasião, arquivou a investigação.

Na reunião do Colégio de Líderes desta terça, como o Painel noticiou, Leite apresentaria o vídeo a portas fechadas.

A gravação foi obtida por Nunes, que repassou o material para demais vereadores. "Os vereadores observaram com bastante cautela e responsabilidade as denúncias trazidas, em especial o recente depoimento de uma vítima que teria sido aliciado pelo Lancellotti dentro de uma ONG", afirma Nunes.

O padre sempre negou as acusações e, em nota enviada à Folha, afirma que "as imputações surgidas recentemente —assim como aquelas que sobrevieram no passado— são completamente falsas, inverídicas" e que tem "plena fé que as apurações conduzidas pela Arquidiocese esclarecerão a verdade dos fatos".

A Câmara tem, atualmente, três CPIs em andamento: Enel, Violência contra Mulher e Furtos de Fios e Cabos.

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