O plenário da Câmara Municipal de São Paulo deve decidir em sessão da próxima semana se abre a CPI que mira o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua.
A comissão, proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), tem como alvo organizações que atuam na região da cracolândia, com especial foco no trabalho do religioso.
Nesta terça (5), durante o Colégio de Líderes, foi acordado que a decisão para instaurar a CPI deverá ser debatida na próxima terça-feira (12). A proposta poderá ser votada na própria terça na quarta (13).
Para a CPI ser instaurada são necessários 28 votos, a maioria absoluta da Casa —composta por 55 vereadores.
Entusiasta da CPI e presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil) informou que será requisitado ao Ministério Público e à Polícia Civil o acompanhamento desta CPI.
A reportagem não conseguiu contato com o padre Júlio nesta terça. Já a Arquidiocese disse que não deverá comentar o tema.
O padre é responsável pela paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca (zona leste), onde concentra o seu trabalho de assistência à população de rua. Parte da vizinhança atribui ao pároco responsabilidade pela presença de dependentes químicos, furtos, sujeira e desvalorização de imóveis comuns às cenas abertas de uso de crack. Para Nunes, esse trabalho contribui para a permanência dos assistidos em condição degradante.
Em janeiro, sete vereadores que assinaram o requerimento para abrir a investigação sobre as ONGs pediram que seu apoio fosse retirado, sob alegação de que o documento não fazia nenhuma menção ao religioso.
No mesmo mês, a Arquidiocese de São Paulo recebeu denúncia do presidente da Câmara que tinha como base um vídeo que retrata um homem se masturbando. Foi a segunda vez que o material, sem autenticidade comprovada, é utilizado. Em 2020, o então candidato à prefeitura Arthur do Val, o Mamãe Falei, fez denúncia idêntica à Igreja Católica, que não encontrou indícios de crime e, na ocasião, arquivou a investigação.
Na reunião do Colégio de Líderes desta terça, como o Painel noticiou, Leite apresentaria o vídeo a portas fechadas.
A gravação foi obtida por Nunes, que repassou o material para demais vereadores. "Os vereadores observaram com bastante cautela e responsabilidade as denúncias trazidas, em especial o recente depoimento de uma vítima que teria sido aliciado pelo Lancellotti dentro de uma ONG", afirma Nunes.
O padre sempre negou as acusações e, em nota enviada à Folha, afirma que "as imputações surgidas recentemente —assim como aquelas que sobrevieram no passado— são completamente falsas, inverídicas" e que tem "plena fé que as apurações conduzidas pela Arquidiocese esclarecerão a verdade dos fatos".
A Câmara tem, atualmente, três CPIs em andamento: Enel, Violência contra Mulher e Furtos de Fios e Cabos.
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