Das três irmãs, Mayara não era apenas a caçula. Também era a mais agitada do trio. Arrastava (ou tentava arrastar) Thais, a mais velha, para shows, blocos de Carnaval, viagens e todo tipo de passeios, especialmente os que envolviam música, como a Virada Cultural de São Paulo.
"Ela sempre teve esse espírito jovem. Mesmo agora, com 31, fazia tudo isso muito ativamente", afirma a irmã Thais Toni, 37. "Acompanhava em bagunças, esportes, sempre teve muita vontade de viver, desde a infância."
O espírito jovem, lembra Thais, ficou evidente quando a irmã resolveu, no primeiro ano de vida, começar a andar justamente em direção ao mar, em Bertioga, no litoral paulista.
Durante a adolescência nos anos 2000, o gosto por música e shows de Mayara foi impulsionado pelo grupo Rebelde, que estrelava uma novela mexicana homônima e explodiu no Brasil no meio daquela década.
Ela também enveredou pelo emo e o rock, entrando para o rol de fãs de bandas como NX Zero e o quarteto britânico McFly.
Na hora de escolher a faculdade, Mayara resolveu estudar jornalismo e acrescentou a formação ao dom natural da comunicação.
O interesse pelo ativismo político ganhou força durante esse período, e a jovem passou a fazer parte do Comitê Popular do Ipiranga, bairro da zona sul paulistana em que ela morou durante a vida adulta e no qual militava. "Nunca abandonou a luta das causas sociais, às quais se dedicou com enorme senso de justiça", diz a irmã do meio, Thaila Toni, 36.
A conclusão da faculdade aos 22 anos foi seguida pela carreira no setor de assessoria de imprensa, no atendimento à Unifesp e depois nos setores de tecnologia e saúde, área em que se especializou.
Aproveitando a paixão por música, Mayara escrevia sobre a programação de shows e cultura coreana no site Matraca Cultural.
Depois da onda do grupo Rebelde no Brasil, o estilo que conquistou o coração de Mayara foi o k-pop. O gênero sul-coreano inspirou o nome da gata de estimação, Crystal, em alusão a uma música do grupo BTS.
Nascida em Poá, na região metropolitana de São Paulo, em abril de 1992, a jovem admirava a força de vontade da mãe, Vera Lúcia Teles, 62, que sobreviveu a um câncer.
Anos mais tarde, Mayara também teve que lidar com lúpus, uma doença autoimune diagnosticada durante a juventude.
Após a segunda cirurgia no coração, Mayara morreu em decorrência de uma infecção hospitalar em 23 de fevereiro. Ela deixa os pais, as irmãs e a gata Crystal.
"Ela ainda está conosco e seguirá fazendo parte das nossas vidas", disseram, em nota, os amigos do comitê de ativistas.
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