Descrição de chapéu Obituário Marcelo de Almeida Bairão (1950 - 2024)

Mortes: Jornalista inconformado, cultivou amizades que duraram muitas décadas

Marcelo Bairão nasceu e morreu durante o Carnaval e adorava dançar

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São Paulo

O jornalista Marcelo de Almeida Bairão nasceu no sábado de Carnaval de 1950, em São Paulo, o mais velho dos três filhos de uma professora e um procurador estadual. Morreu na mesma cidade num domingo de Carnaval, 74 anos depois.

Cultivou amizades que duraram por muitas décadas, e ficou conhecido como um homem politizado, bem-humorado e boêmio. Até os últimos anos de vida, ainda se encontrava com os colegas do ensino fundamental a cada dois meses.

Fez carreira em revistas, jornais, canais de televisão, na assessoria de imprensa e foi sócio do bar Avenida e das choperias Rádio Clube e Choperia Continental, todos na capital paulista. Era apaixonado por dança de salão e um ávido leitor.

Homem calvo e com óculos, com suéter azul, olha para câmera
Marcelo de Almeida Bairão (1950 - 2024) - Leitora

A política o mobilizou ainda adolescente, quando se filiou ao PCB (Partido Comunista Brasileiro). Morador da região do Brooklin, na zona sul, durante a infância e a juventude, Bairão atravessava a cidade semanalmente para ministrar cursos de formação política aos colegas na Penha, na zona leste. Em 1975, foi preso por cinco dias pelo regime militar.

Nas décadas seguintes, trabalharia nas Redações de veículos como Jornal da Tarde e a revista Exame. Na década de 2000, foi diretor do programa Roda Vida, na TV Cultura. Depois, integrou a assessoria de imprensa do governo Geraldo Alckmin (então no PSDB, hoje no PSB) no estado de São Paulo.

Segundo pessoas que o conheciam, Bairão era mais um cético com ideais humanitários do que um militante dogmático. Trabalhou na campanha presidencial de Lula em 2002, mas depois se tornou crítico ao PT.

Também dizia ter dúvidas sobre a eficácia das propostas de esquerda no mundo. "O capitalismo está demonstrando uma dinâmica muito forte em relação a qualquer socialismo que existiu, e os socialismos caíram muito por causa do povo, que não aguentava mais", afirmou ele em entrevista ao também jornalista Cid Benjamin em 2017.

Bairão teve três casamentos ao longo da vida. A última esposa conheceu aos 56 anos, num baile —ele gostava mais de dançar do que ela. Com a segunda mulher, ajudou a criar a enteada e adotou um filho, que hoje tem 27 anos.

Ele morreu no último dia 15 de fevereiro, após o agravamento de um câncer. Os amigos comemoraram seu aniversário seis dias depois com seu prato predileto, uma cataplana de frutos do mar (um prato típico português). Bairão deixa um irmão, o filho, a companheira e muitos amigos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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