Descrição de chapéu Obituário Benedito Valdecir de Oliveira (1941 - 2024)

Mortes: Referência como cirurgião oncológico, chegou a morar no hospital

Benedito Valdecir de Oliveira ajudou a fundar unidade no Paraná

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Curitiba

Quando o Hospital Erasto Gaertner, referência nacional no tratamento contra o câncer, ainda estava sendo feito, Benedito Valdecir de Oliveira chegou a dormir um ano em um quarto no local. Cirurgião oncológico, ele queria acompanhar de perto a implantação da unidade, na qual trabalharia de 1972 a 2015.

Especialista em cancerologia e cirurgia de cabeça e pescoço, Benedito nasceu em 1941, em Bernardino de Campos (SP). Chegou ao Paraná ainda menino. Cresceu com os pais e três irmãos mais novos numa fazenda em Cambé (PR), trabalhando na agricultura e pecuária.

"Ajudava na educação dos irmãos e os levava para a escola de charrete. Entregava leite na casa dos clientes", lembra o filho, Fabrício Oliveira, também oncologista.

Benedito Valdecir de Oliveira (1941 - 2024)
Benedito Valdecir de Oliveira (1941 - 2024) - Jana Rocha

Benedito fez medicina por influência do avô, Antônio Raminelli, imigrante italiano e agricultor. Em 1961, foi morar em uma pensão de Curitiba e dois anos depois entrou na Universidade Federal do Paraná, na qual se formou. Depois, foi para Nova Londrina, no interior do estado, para trabalhar e juntar recursos para especialização em São Paulo. Voltou para Curitiba em 1970, onde viria a se tornar um dos médicos mais respeitados da oncologia.

O médico Sérgio Hatschbach, amigo e parceiro de Benedito na fundação do hospital, destaca a personalidade marcante e exigente do cirurgião, sempre em busca de aprimoramento e de um atendimento humanista.

"Formamos uma equipe que vestiu a camisa, sem pensar em dinheiro, mas fazer a coisa funcionar, sempre com uma visão humanista", diz. "Com isso fomos criando a parte assistencialista e depois o hospital-escola em oncologia. A educação para ele era o básico para o crescimento do hospital. Deixou um legado fantástico, foi um ícone como cirurgião."

Benedito foi também um dos responsáveis pela criação do Ibeg (Instituto de Bioengenharia), nas dependências do Erasto Gaertner, entidade filantrópica mantida pela Liga Paranaense de Combate ao Câncer. Ele ainda ajudou a criar o setor de oncologia do Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu, e o Instituto de Oncologia do Paraná.

O filho recorda que, como diretor do hospital, o médico enfrentou graves crises financeiras, "sempre com articulação política exímia". Era persistente, determinado, e quando queria fazer alguma coisa, fazia. Vibrava com a vida e suas conquistas.

Pai amoroso e presente, exigia muito estudo dos filhos. Adorava crianças; os netos em especial. Era muito católico e gostava de reunir os irmãos para viajar em família ao litoral. Nos fins de semana, a diversão era na área rural ou nos campos de futebol, para ver seu time do coração, o Athletico-PR.

"Influenciador de gerações de médicos no Paraná e no Brasil. Me ensinou a ser disciplinado e organizado, a respeitar o paciente não importando se de origem humilde ou de posses", comenta José Linhares, atual diretor clínico do hospital —que decretou luto de sete dias.

O cirurgião morreu aos 82 anos em 20 de março, de causas naturais. Deixa três filhos e cinco netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.