Advogada diz que mulher agredida por policial no Metrô de SP está abalada e 'em pânico'

Violência contra jovem lésbica ocorreu no sábado (6), na estação da Luz; policial foi afastado das funções e será processado pela vítima

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São Paulo

Tauane de Mello Queiroz, 26, que foi agredida por um policial militar com um tapa no rosto na estação da Luz do Metrô de São Paulo, no sábado (6), está "muito abalada", de acordo com Ana Marques, advogada que a representa. Ela deve receber atendimento psicológico por conta da violência.

Ainda não há detalhes sobre os fatos que levaram à agressão. A vítima é uma mulher lésbica e carregava uma bandeira do movimento LGBTQIA+.

"O que eu posso adiantar é que ela está muito abalada, muito chateada, muito sensível e em pânico com o que aconteceu, ela nunca tinha vivido isso", disse a advogada.

O PM foi flagrado dando um tapa no rosto de Queiroz, que estava no chão na estação da Luz. No vídeo, o policial, que está fardado, manda a mulher abaixar a mão, que pergunta o motivo. Em seguida, ela leva o tapa no rosto.

Segundo a advogada, já foi registrado um boletim de ocorrência sobre a agressão no 2ºDP (Bom Retiro). A vítima foi acompanhada pelo pai, por agentes do metrô e por testemunhas, diz Marques. À tarde, as duas foram à Coordenadoria da Diversidade Sexual do Estado de São Paulo para fazer a denúncia oficial.

"A gente não pode aceitar tal conduta do policial, até porque a gente tem o policial como um educador, como uma pessoa de tanto respeito, fazer esse tipo de coisa, que abala demais. A gente entende que atrás de uma farda tem um ser humano, mas isso é inadmissível. Se ela tivesse cometido o pior erro, nem assim seria justificado, e ela não cometeu erro nenhum", acrescentou a representante.

Momento em que policial militar dá tapa em mulher em estação de metrô de São Paulo, no sábado (6) - Reprodução

A mulher e a advogada se encontraram pessoalmente pela primeira vez nesta segunda (8) para registrar a denúncia, bem como o exame de corpo de delito, cujo resultado sairá em dez dias.

"Ela já fez o BO. Está com marcas pelo corpo todo, além da marca no rosto", disse.

Segundo Marques, além do processo administrativo que está sendo tocado pela Polícia Militar, sua cliente vai processar o policial por homofobia, injúria e agressão física, mas não pensa em vingança.

"Mas quem vai decidir lá na frente é o Ministério Público se vai denunciar e se o juiz vai aceitar, mas ela vai representar, sim. Muitas pessoas perguntaram o que ela quer. Ela não quer uma vingança contra ele, não. Ela quer que seja apurado pelas vias corretas da Justiça, mas que ele reflita, que ele tenha isso como uma lição na vida, porque é uma coisa muito chata, mexeu com todo mundo", diz Marques.

"Ela estava sentada no metrô, e se arrepende disso, mas ela não é um saco de pancadas tampouco um saco de areia para ser jogada na parede e ser alvo de uma fala agressiva, homofóbica e cheia de injúria dizendo que ela era um homem e que, já que era um homem, tinha que apanhar. Ela estava com uma bermuda escrito LGBT, então, ficou claro que tem ali sim uma homofobia. Ela sentiu isso na hora, esse preconceito total", finaliza a advogada.

A Subsecretaria de Política da Diversidade de Guarulhos, onde a vítima mora, conduz o caso com a advogada e afirmou que irá formalizar uma denúncia em conjunto com a Coordenadoria da Diversidade do Estado de São Paulo para apurar se houve discriminação por orientação sexual pelo policial militar.

A pasta diz ainda que irá encaminhar a vítima ao serviço de saúde do município para atendimento psicológico.

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que lamenta o ocorrido e que o policial foi identificado e afastado. Afirmou ainda que a PM instaurou Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias dos fatos.

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