Descrição de chapéu Obituário Maria da Glória Braz de Almeida (1934 - 2024)

Mortes: Foi uma das mestras de coco mais longevas de Olinda (PE)

Dona Glorinha do Coco deixou o legado de uma vida inteira dedicada ao ritmo que é herança dos escravizados

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São Paulo

Nascida no bairro Amaro Branco, no centro histórico de Olinda (PE), Maria da Glória Braz de Almeida, a Dona Glorinha do Coco, fez de sua trajetória de vida uma homenagem ao legado cultural do local conhecido como um dos berços do samba de coco há mais de cem anos.

Neta de escravizados, Glorinha foi a caçula de 17 irmãos e aprendeu aos sete anos o ritmo com a mãe, dona Maria Belém, uma das fundadoras do Clube da Escola de Samba Oriente e do tradicional Acorda Povo, procissão que homenageia São João Batista todo ano no mês de junho nas ladeiras de Olinda.

Maria da Glória Braz de Almeida (1934 - 2024)
Maria da Glória Braz de Almeida (1934 - 2024) - Reprodução/Instagram @donaglorinhadococooficial

Ela manteve a tradição e fazia apresentações, madrugada adentro, em frente a sua casa em homenagem ao santo do qual era devota.

Ainda criança, ela fazia a segunda voz nas apresentações da mãe e usava um banco de madeira para ficar da mesma estatura dos adultos. O tamanco nos pés ditava o ritmo da música.

Ela lançou o primeiro dos dois discos de sua autoria aos 78 anos, em 2013. A coletânea de 13 músicas compostas por sua mãe, com exceção de uma, de domínio popular, foi indicada ao Prêmio da Música Brasileira como finalista nas categorias melhor álbum regional e melhor cantora regional, em 2015. O álbum também a levou a representar a cultura brasileira no Espaço Brasil em Lisboa durante o Ano do Brasil em Portugal, promovido pelo Ministério da Cultura. Foi a primeira vez que ela fez uma viagem de avião e, depois, ainda viajou para Cuba para fazer uma apresentação musical.

Em 2019, ela lançou o segundo disco, "Noite Linda", aos 84 anos, com nove composições de sua autoria. Uma de suas últimas apresentações foi durante o Carnaval de Olinda deste ano.

Dona Glorinha participou do documentário "O Coco, a Roda, o Pneu e o Farol", de Mariana Fortes, e das exposições "Coco do Amaro Branco – Retratos", "Olinda Patrimônio Cotidiano" e "Olinda Patrimônio Cotidiano – Exposição em Estêncil", do fotógrafo olindense Emiliano Dantas.

Morreu em 29 de março, aos 89 anos. Ela estava internada no Hospital do Tricentenário, em Olinda, com insuficiência respiratória. "Partiu em paz, com a família a seu lado, segurando a mãozinha delicada e já sem forças, da nossa mestra tão amada", diz post em sua página oficial no Instagram.

O velório foi na casa onde ela morou a vida toda, em Amaro Branco. Ela deixa sete filhos, netos, bisnetos e tataranetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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