Descrição de chapéu Obituário Vilmar Muller (1963 - 2024)

Mortes: Bar do Alemão, de Curitiba, era para ele um complemento de seu nome

Vilmar Muller começou no bar como descascador de batatas em 1986 e trabalhou lá até quando a saúde lhe permitiu

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São Paulo

O Bar do Alemão, restaurante e bar turístico no centro de Curitiba (PR), nunca teve este nome por causa de Vilmar Muller. Mas o funcionário carregou ao longo das últimas décadas o orgulho de dizer que era o Vilmar do Bar do Alemão. Assim se apresentava quando ia a outros lugares da capital paranaense.

O orgulho tinha sua razão de ser. Ele começou a trabalhar lá como descascador de batatas na cozinha e chegou a subgerente. Uma trajetória de 38 anos de serviços prestados, em que a vida particular esteve ligada ao trabalho.

Vilmar chegou a Curitiba ainda adolescente, acompanhado de dois irmãos, em busca de continuar os estudos e ter uma condição de vida melhor do que tinham no município de Luiz Alves, no interior catarinense. A família camponesa, de origem alemã, vivia de uma pequena propriedade rural.

Vilmar Muller (1963 - 2024)
Vilmar Muller (1963 - 2024) - Arquivo pessoal

Na capital paranaense, não conseguiu seguir nos estudos além do ensino fundamental. "Ele contava sempre que eram tempos da ditadura, quando era difícil para um estudante permanecer na rua até tarde, quando terminavam as aulas do período noturno", conta a filha Regiane. Os irmãos Muller tinham de trabalhar e estudar para se manter na cidade.

Apesar de ter trabalhado em outros lugares antes de chegar ao bar, foi lá que sua vida se estabilizou. Anos depois, sua esposa, Derly Terezinha, passou a trabalhar lá como copeira. Ela também vinha do interior em busca de oportunidades. Saída de Rio Azul, no Paraná.

Irmãos de Vilmar, Joel, Moacir e Onivaldo chegaram a trabalhar no bar também, assim como o filho Jonatas e o sobrinho Anderson. Mas nenhum deles permaneceu tanto tempo quanto ele.

Em meados dos anos 2010, o trabalho lhe deu a oportunidade de uma viagem inesquecível. Por conta da mudança do fornecedor de chope do bar, esteve com colegas em Munique, na Alemanha. A viagem incluiu uma parada na Itália.

Nos últimos anos, costumava ficar no caixa durante a noite. De bigode e pouco dado a sorrisos, tinha uma aparência de bravo para quem não o conhecia. Os que conviveram mais de perto, garantem, no entanto, que o tipo era uma das brincadeiras dele.

Na equipe de trabalho, era conhecido pelo humor. "Como ele lidava com garçons, que eram bem mais jovens do que ele, sempre havia um clima de brincadeiras", conta a filha. A relação com os demais trabalhadores era tão boa que ele chegou a rejeitar uma promoção para gerente, porque preferia lidar mais com seus colegas do que com o público.

Depois que ficou doente e precisou ser operado. Chegou a dançar para comemorar seu retorno ao trabalho. A alegria, no entanto, durou menos do que imaginava. Vilmar morreu no dia 9 de junho, aos 61 anos. Deixa a esposa, Derly Terezinha, os filhos Regiane e Jonatas, e os netos Nathalia e Henrique.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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